sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Raízes sertanejas
Ao lado de Emmanuel Moon (bateria) e Ricardo Bastos (baixo), o compositor Fábio Elias (guitarra e vocal) formou uma das bandas mais importantes de rock and roll no cenário paranaense: a Relespública. Afinal, foram mais de 20 anos produzindo repertório próprio e fazendo shows Brasil afora. Por isso, causou espanto no meio roqueiro a notícia de que Fábio havia se “convertido” ao sertanejo, lançando seu primeiro CD (Me dê um pedaço teu) no novo estilo em 2010 e fazendo shows ao som de um violão e não mais da guitarra.
Para os fãs mais radicais, era um ato de “traição” aos princípios do rock; para os mais moderados, representava uma novidade bem-vinda. Segundo Fábio Elias, essa transição musical nada mais é do que um retorno às suas raízes, já que o sertanejo sempre esteve entre suas preferências desde a época do rock com a Relespública.
De passagem por Irati (150 km de Curitiba, no Paraná), onde faz show neste sábado (29 jan.), o artista reservou um tempo em sua agenda para conversar com a reportagem sobre a carreira-solo, a polêmica mudança, o show em Irati e o novo CD, Fábio Elias – Ao Vivo.
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1. Sei que você já comentou bastante sobre o assunto, mas é impossível começar a entrevista sem perguntar sobre sua mudança do Rock para o Sertanejo. Como tem sido a reação do público de ambos os estilos?
O público reage de maneiras diferentes. Alguns, mais radicais, não aceitaram o fato de eu ser eclético e gostar de sertanejo e rock. Mas a maioria do público quer se divertir, assim como eu, e não liga pra rótulos ou estilos. O importante é que estou feliz fazendo música, que é o que mais amo fazer na vida. A música sertaneja aconteceu na minha vida muito antes de existir Relespública. Era natural que um dia eu voltasse às raízes.
2. Você ainda mantém contato com o Emmanuel Moon e o Ricardo Bastos, seus antigos companheiros da Reles?
Como estou na estrada direto, divulgando meu trabalho em rádios do país todo, sobra pouco tempo para ligar e saber deles. Mas eles também nunca foram de me ligar, nem quando estávamos na ativa. Eu entendo essa distância, pois cada um têm suas vidas pessoais pra cuidar.
3. No seu primeiro trabalho sertanejo, o CD Me dê um pedaço teu (2010), tem uma canção que considero emblemática dessa mudança na carreira: “Parei”. Para você, os versos “Parei para recomeçar/ Parei para te encontrar/ Parei com essa vida louca/ Eu parei” representam uma declaração de novos caminhos, de que deixou aquela vida roqueira para trás?
É mais uma brincadeira minha. As pessoas levam a sério demais as músicas, né? Minha mulher e eu fizemos essa letra depois do banho, dando risada das frases que surgiam. A vida de músico não é diferente se você faz rock, pop, samba, pagode ou sertanejo. É uma luta diária pra conseguir seu lugar ao sol. Mas, realmente, eu deixei muita coisa pra trás daqueles dias... não posso estagnar, precisava mudar e eu sempre quero ir em frente! Sou assim.
4. Essa canção “Parei” é a sua “Estrada da Vida”, numa referência ao espírito de novos horizontes do clássico de Milionário & José Rico? Interessante que enquanto na música deles não se pode “parar”, você propõe o contrário para recomeçar.
"Estrada da Vida" é um clássico! Valeu pela comparação! Quanto a sua pergunta, acho que todo mundo precisa parar pra pensar na vida, nas coisas ao redor, pra reparar em si mesmo e analisar as coisas e seus atos, de vez em quando. Mas nesse caso, dessa música, foi só uma brincadeira mesmo, mudar o discurso. Não tem nada de profundidade egocêntrica ali. É só uma letra divertida. Um amigo meu me disse: - Poxa Fabio, todo mundo no sertanejo fala de festa, zoar, beber... e você diz "parei!"? Como assim, ta querendo ser diferente? Eu respondi: - Claro! Essa é a ideia!
5. Atualmente, você está divulgando o disco Fábio Elias – Ao Vivo. Como tem sido a receptividade do público?
Muito boa! O público é enorme e maravilhoso! Tem muita gente bonita, a "muierada" sai do corpo e estou tocando em rádios e lugares que nunca sonhei chegar! Tá legal demais poder ir pra estrada e divulgar, conhecer pessoas, casas de show, rodeios... Por exemplo, em Irati mesmo nunca toquei na rádio quando fazia rock. Agora já estou ficando mais conhecido por aí e na região toda. Isso me deixa muito entusiasmado e feliz! Quero agradecer o apoio das rádios, jornais e contratantes de show que acreditaram no meu potencial.
6. E o show em Irati? Tudo preparado para retornar a uma cidade que acompanhou tanto os trabalhos da Relespública quanto de sua carreira-solo?
Ah sim! Estou ansioso pra subir no palco e mandar ver minhas músicas, outras músicas já conhecidas do público universitário e clássicos sertanejos que não podem faltar. Além disso, a CIA 8 Segundos vai participar, dançando em alguns números. Aguardem!!!
7. Pra terminar, o que você espera de 2011? Planos de novos projetos musicais? Tocar com ídolos do sertanejo estão entre eles?
Sonhar não custa nada! Tenho planos sim, vários! Mas vou conquistando as coisas aos poucos e na hora certa de acontecer. O importante é estar sempre na ativa e com a mente livre para novos projetos. Cantar com ídolos? Isso seria demais!!!
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Nota: A reportagem acima é uma versão ampliada de matéria publicada no jornal Folha de Irati (www.folhadeirati.com.br), edição 1.786 (28 jan. 2011).
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Acompanhe um pouco do trabalho do Fábio Elias no vídeo da música "Parei":
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