sábado, 15 de maio de 2010


“Difundir a música erudita por meio do acordeon”. Assim se define a missão do Quinteto Persch, grupo gaúcho fundado em 1999 e que se apresentou no dia 12 de maio, em Guarapuava (PR), no Campus Santa Cruz da Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste). Após o concerto, um de seus integrantes, Adriano Persch, conversou durante meia hora com a reportagem do FOLHÃO.
Demonstrando satisfação por mais um concerto realizado, Persch diz que o público guarapuavano foi bastante acolhedor e receptivo, apesar da noite fria e chuvosa. Mais do que isso, segundo ele, as pessoas conseguiram perceber, após o momento de surpresa, que o acordeon não é um instrumento para ser usado apenas na música gaúcha ou no forró, “Se existe tanta diversidade musical e instrumental, então, por que não se pode usar o acordeon para outro tipo de música?”, questiona Persch.
Nesse quesito, ele comenta que, infelizmente, o Quinteto é o único no Brasil que se propõe a tocar apenas com o acordeon, “Para mim, a falta de outras formações com esse instrumento é uma lástima, pois não podemos trocar ideias e experiências, enriquecendo nosso trabalho. Já na Europa, é muito comum encontrar grupos de acordeon, principalmente nos países de origem eslava, que integravam a antiga União Soviética. Só para se ter uma ideia, na Polônia existia o Quinteto de Varsóvia”, que funcionou durante 50 anos”.
Mas, nem sempre a plateia é receptiva como a de Guarapuava. Persch conta que já aconteceu “do público gritar e exigir que tocássemos uma vaneira, no meio de uma apresentação”. O músico explica que isso acontece às vezes porque as pessoas ainda têm uma ideia preconceituosa sobre música. “Persiste aquele ‘ranço’ de que somente gente entendida pode entender composições eruditas; ou de que o acordeon não deve ser usado para tocar Mozart, Vivaldi etc.”, afirma.
Por isso, Persch ressalta a importância da missão do quinteto que leva seu sobrenome, “difundir a música clássica, provando que o acordeon é versátil e envolvente”. Para levar a cabo esse propósito, Persch confessa que o Quinteto não cobra cachê, preferindo trocá-lo pelo valor arrecadado na bilheteria; assim, a instituição promotora não tem quase nenhum custo. Mesmo assim, Persch lamenta que muitas cidades não se interessam pelas apresentações do Quinteto, preferindo manter grandes e belos teatros às moscas.
PRÓXIMO PROJETO
Para finalizar a entrevista, Persch adianta que o próximo projeto do Quinteto é de gravar composições contemporâneas, seguindo a linha da música erudita. Para isso, o grupo já está recebendo e estudando peças compostas por diversos autores. Aliás, um dos integrantes do Quinteto, André Machado, também compõe. “Já faz algum tempo que o André tem produzido obras próprias; mas, a gente ainda fica com certo receio de mostrá-las ao público, durante as apresentações”, afirma Persch.
CONCERTO
Apesar da noite fria em Guarapuava, a apresentação do Quinteto Persch entrou para a história, pois foi a primeira vez que um grupo de acordeon tocou música erudita na cidade, provando que o instrumento “dá samba”.
No geral, o repertório privilegiou peças mais conhecidas do público, criando maior identificação com o concerto. Inclusive, entre uma execução e outra, Adriano Persch conversava com as pessoas, dizendo que as músicas tocadas pelo Quinteto eram bem conhecidas, pois estavam em toques de celular etc., ou seja, no dia a dia de todos. Além disso, Persch, sempre o porta-voz do grupo, contextualizou as músicas executadas, informando sobre a história dos compositores escolhidos. Com isso, o concerto se tornou mais acessível ao público.
O Quinteto também tocou parte do repertório que compõe seu primeiro CD, lançado no ano passado graças à contemplação no projeto Petrobras Cultural 2007, que financia trabalhos selecionados por comissão especializada.

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LEGENDA DA FOTO:
Durante passagem de som, o Quinteto Persch acertou os últimos detalhes do concerto

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