(Foto: rocknrollmusic4ever.blogspot.com)
Três gerações reunidas para falar sobre a guitarra
É incrível como a guitarra é um instrumento emblemático e fascinante. De músicos profissionais a bandas de fim de semana, de estudiosos a curiosos, de colecionadores a praticantes do air guitar, enfim, uma infinidade de pessoas se encanta a todo momento quando escuta esse instrumento, cujo som é versátil e empolgante. Inclusive, eu, que tento tocar, escondido em casa, algumas canções de minha preferência.
Então, para aqueles que sabem tocar ou simplesmente gostam da sonoridade das seis cordas eletrificadas, recomendo o DVD A todo volume (2008). Dirigido por Davis Guggenheim, o mesmo de Uma verdade inconveniente (2006), é um documentário que reúne três gerações de guitarristas para desvendar a essência do instrumento: Jimmy Page (Led Zeppelin), The Edge (U2) e Jack White (The White Stripes).
Longe da chatice daqueles comentários tecnicistas, o filme privilegia o modo como o som da guitarra entrou na vida desses caras. Mais do que apenas demonstrar habilidade, Page, Edge e White se preocuparam em usar esse instrumento para romper com os limites da música, dando algum sentido para as canções compostas e executadas. É fascinante presenciar o ex-guitarrista do Led, no alto de sua experiência, voltando a ser aquele jovem aprendiz de rock, divertindo-se ao tocar clássicos de sua antiga banda e ouvindo músicas que formaram seu repertório. O sorriso de admiração no rosto de Edge e White, diante do mestre Page, diz tudo.
É um filme que vale a pena até mesmo para quem não gosta de rock and roll ou que não faça ideia do que seja uma guitarra.
E uma recomendação final: assista a todo volume!
****Acompanhe um trechinho do filme e veja como se faz uma guitarra:
sexta-feira, 29 de abril de 2011
terça-feira, 26 de abril de 2011
NPCinema finaliza oficina de Fotografia e Cinema
(Foto: Anderson Costa)
Clério Back, durante a primeira etapa de sua oficina
Como parte das atividades inaugurais de 2011 do NPCinema (Núcleo de Produção e Pesquisa em Cinema da Unicentro), a oficina “Fotografia e Cinema: Análises da Narrativa Visual” encerrou sua segunda e última parte nesta segunda-feira (25 de abril), no Cine Unicentro (localizado no campus Santa Cruz), em Guarapuava/PR. Ministrada pelo fotógrafo profissional e professor do curso de Comunicação Social da Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste), Clério Back, a atividade discutiu a importância da fotografia no cinema.
Durante pouco mais de duas horas, Back abordou aspectos técnicos e teóricos sobre luz, cor, textura, contraste, movimentos de câmera, tipos de planos no cinema, entre outros. Além disso, deu bastante ênfase ao trabalho do diretor de fotografia, pois esta figura tem papel fundamental na concepção visual de um filme, dando-lhe sentido por meio da luz e da cor.
PRODUÇÃO LOCAL
Logo no início da oficina, um dos coordenadores do NPCinema, Anderson Costa, aproveitou para exibir curtas-metragens produzidos em 2010 pelos alunos do curso de Arte-Educação. O material foi aproveitado para ser analisado por Clério Back e serviu como aperitivo para um dos desdobramentos futuros do Núcleo, que é a produção local de vídeos. Costa destacou que, para a feitura de um filme, não são necessários grandes orçamentos ou equipamentos de última geração; basta a criatividade e o uso otimizado de material à mão.
Após a realização da oficina “Fotografia e Cinema: Análises da Narrativa Visual”, a próxima atividade está prevista para maio e compreende oficina sobre o gênero Western, a ser ministrada pelo jornalista e professor da Unicentro, Márcio Fernandes.
Clério Back, durante a primeira etapa de sua oficina
Como parte das atividades inaugurais de 2011 do NPCinema (Núcleo de Produção e Pesquisa em Cinema da Unicentro), a oficina “Fotografia e Cinema: Análises da Narrativa Visual” encerrou sua segunda e última parte nesta segunda-feira (25 de abril), no Cine Unicentro (localizado no campus Santa Cruz), em Guarapuava/PR. Ministrada pelo fotógrafo profissional e professor do curso de Comunicação Social da Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste), Clério Back, a atividade discutiu a importância da fotografia no cinema.
Durante pouco mais de duas horas, Back abordou aspectos técnicos e teóricos sobre luz, cor, textura, contraste, movimentos de câmera, tipos de planos no cinema, entre outros. Além disso, deu bastante ênfase ao trabalho do diretor de fotografia, pois esta figura tem papel fundamental na concepção visual de um filme, dando-lhe sentido por meio da luz e da cor.
PRODUÇÃO LOCAL
Logo no início da oficina, um dos coordenadores do NPCinema, Anderson Costa, aproveitou para exibir curtas-metragens produzidos em 2010 pelos alunos do curso de Arte-Educação. O material foi aproveitado para ser analisado por Clério Back e serviu como aperitivo para um dos desdobramentos futuros do Núcleo, que é a produção local de vídeos. Costa destacou que, para a feitura de um filme, não são necessários grandes orçamentos ou equipamentos de última geração; basta a criatividade e o uso otimizado de material à mão.
Após a realização da oficina “Fotografia e Cinema: Análises da Narrativa Visual”, a próxima atividade está prevista para maio e compreende oficina sobre o gênero Western, a ser ministrada pelo jornalista e professor da Unicentro, Márcio Fernandes.
domingo, 17 de abril de 2011
Jorge Amado e o Pós-Cinema
(imagem: livrus.com.br)
Capa de uma das edições da novela de Jorge Amado
Nesta postagem, finalizamos a série de colaborações do escritor, músico e professor Daniel de Oliveira Gomes. Ele analisa a obra "A morte e a morte de Quincas Berro d'Água".
Este é o último dos meus artigos que reflete sobre “A morte e a morte de Quincas Berro d´Água”, do Jorge Amado. No romance, existem ao menos duas mortes. No filme, ainda não sei. É um dos romances que de modo mais interessante e aéreo trabalha a normalização da morte, como um tema sequer filosófico. De todo modo, podemos afirmar para além da poética desta história, que quando este mundo acabar, vai começar um outro. O mundo verdadeiro. Por enquanto somos seres racionais, desenhamos a beleza da razão, com Leonardo da Vinci, o maior dos gênios, e ela se fortaleceu até Kant e o iluminismo, pois queríamos ser diferentes dos brutos animais. Foi fácil, inventamos o cinema. Devíamos entrar em festa, e estamos fazendo. Mas, o mundo que começará quando este acabar não será um mundo boêmio e festivo, acredito: isso nos torna sobremodo inseguros. Seremos fantoches da festa automática do próprio mundo que não soçobra. Em breve, não haverá Universidade, esta bárbara instituição que se apodera dos saberes. Cada vez mais é possível fazer cursos virtuais, muito mais rápidos, livres e informativos. É bizarro pensar que meu querido e estimado papel de professor sobrevém uma vez que somos testemunhas da barbárie, estamos numa fase violenta dos homens; no futuro tudo será placidez, e a violência será um dom, por isso não existirão religiões, eu acho, nem jogos de azar, nem quaisquer instituições, me leva a pensar Jean Baudrillard, por exemplo. Talvez tudo se estetize como cinema, para poder sobreviver.
O que estará em extinção serão os próprios deuses, a falsa felicidade da razão também; aliás, já entraram em extinção, desde Nietzsche. Eu gostaria de saber se os homens e mulheres se apaixonariam uns pelos outros, num mundo assim. Um mundo onde as próprias pulsões eróticas seriam extintas. Se perdêssemos isto seria muito triste, pois é a paixão a maior conquista humana, ensina-nos o escritor baiano. Por isso, acredito que uma literatura como a dele que acaba por não suportar, por exemplo, certos debates feministas mais ortodoxos, é uma dádiva. Ninguém vencerá a guerra dos sexos, há muita confraternização entre os inimigos, em Jorge Amado. Minha atual resistência aos intransigentes é indicar belos romances e ver bons filmes. Um mundo sem diferenças, sem poesia, seria indigesto, repito aos meus alunos. Leminski às vezes era catastrófico, dizia que o cinema suplantaria a literatura. Claro que todo mundo vê mais filmes do que lê romances. No entanto, é ótimo que freqüentemente adaptem em filme, no Brasil, bons romances como “A morte e a morte de Quincas Berro D´água”. Até porque as pessoas estão enjoando dos maus filmes americanos. Eles se delineiam geralmente como uma costura entre, de um lado, cenas de vômitos, de outro, a “maximização moral da instituição familiar”; e as pessoas vão vendo que pagavam para ir ao cinema mesmo assim. Mesmo o mundo sendo dos nets, abandonavam ou convidavam suas adiposas famílias para dividir pipocas amanteigadas e latões de coca-cola, sob os brilhos de um filme que, dentre em pouco, passaria na TV a cabo. Parece que, agora, um cinema aprazível com a leveza que a massa brasileira reivindica, mas também poético, aparece, aos poucos. Tal como a moda dos documentários musicais. Roland Barthes adorava cinema, mas era um cinema da solidão, do encontro consigo mesmo, do caminho pessoal de uma descoberta especial; mas hoje não sei se gostaria. Não sei se sentiria o mistério do corredor de cinema, ao ver os cartazes legendários dos cinemas 3D nos Shoppings de hoje.
O enlatado americano impera, geralmente, como uma espécie de região de indiscernibilidade entre a imaterialidade luminosa, bondosa, da família feliz, e o visco dos vômitos por debaixo da mesa, as piadas tolas, as obsessões patrióticas, os heroísmos broncos. Talvez este estilo de cinema americano um dia contamine o próprio amor pelo cinema, mas duvido que apagaria um Kubrick, Woody Allen, Coppola ou Hitchcock, por exemplo. Por isso, vamos lá conferir o filme “A Morte de Quincas Berro D´Água”, mesmo que seja como gesto coletivo de pirraça poética, para não dizer resistência. Afinal, “um mundo sem poesia seria indigesto.” Sendo uma comédia boa ou ruim, ao menos é um Jorge Amado nos cinemas.
****Texto escrito por Daniel de Oliveira Gomes (setepratas@hotmail.com). Ele é Professor Adjunto de Literatura no DELET, Departamento de Letras da UNICENTRO, em Guarapuava.
Capa de uma das edições da novela de Jorge Amado
Nesta postagem, finalizamos a série de colaborações do escritor, músico e professor Daniel de Oliveira Gomes. Ele analisa a obra "A morte e a morte de Quincas Berro d'Água".
Este é o último dos meus artigos que reflete sobre “A morte e a morte de Quincas Berro d´Água”, do Jorge Amado. No romance, existem ao menos duas mortes. No filme, ainda não sei. É um dos romances que de modo mais interessante e aéreo trabalha a normalização da morte, como um tema sequer filosófico. De todo modo, podemos afirmar para além da poética desta história, que quando este mundo acabar, vai começar um outro. O mundo verdadeiro. Por enquanto somos seres racionais, desenhamos a beleza da razão, com Leonardo da Vinci, o maior dos gênios, e ela se fortaleceu até Kant e o iluminismo, pois queríamos ser diferentes dos brutos animais. Foi fácil, inventamos o cinema. Devíamos entrar em festa, e estamos fazendo. Mas, o mundo que começará quando este acabar não será um mundo boêmio e festivo, acredito: isso nos torna sobremodo inseguros. Seremos fantoches da festa automática do próprio mundo que não soçobra. Em breve, não haverá Universidade, esta bárbara instituição que se apodera dos saberes. Cada vez mais é possível fazer cursos virtuais, muito mais rápidos, livres e informativos. É bizarro pensar que meu querido e estimado papel de professor sobrevém uma vez que somos testemunhas da barbárie, estamos numa fase violenta dos homens; no futuro tudo será placidez, e a violência será um dom, por isso não existirão religiões, eu acho, nem jogos de azar, nem quaisquer instituições, me leva a pensar Jean Baudrillard, por exemplo. Talvez tudo se estetize como cinema, para poder sobreviver.
O que estará em extinção serão os próprios deuses, a falsa felicidade da razão também; aliás, já entraram em extinção, desde Nietzsche. Eu gostaria de saber se os homens e mulheres se apaixonariam uns pelos outros, num mundo assim. Um mundo onde as próprias pulsões eróticas seriam extintas. Se perdêssemos isto seria muito triste, pois é a paixão a maior conquista humana, ensina-nos o escritor baiano. Por isso, acredito que uma literatura como a dele que acaba por não suportar, por exemplo, certos debates feministas mais ortodoxos, é uma dádiva. Ninguém vencerá a guerra dos sexos, há muita confraternização entre os inimigos, em Jorge Amado. Minha atual resistência aos intransigentes é indicar belos romances e ver bons filmes. Um mundo sem diferenças, sem poesia, seria indigesto, repito aos meus alunos. Leminski às vezes era catastrófico, dizia que o cinema suplantaria a literatura. Claro que todo mundo vê mais filmes do que lê romances. No entanto, é ótimo que freqüentemente adaptem em filme, no Brasil, bons romances como “A morte e a morte de Quincas Berro D´água”. Até porque as pessoas estão enjoando dos maus filmes americanos. Eles se delineiam geralmente como uma costura entre, de um lado, cenas de vômitos, de outro, a “maximização moral da instituição familiar”; e as pessoas vão vendo que pagavam para ir ao cinema mesmo assim. Mesmo o mundo sendo dos nets, abandonavam ou convidavam suas adiposas famílias para dividir pipocas amanteigadas e latões de coca-cola, sob os brilhos de um filme que, dentre em pouco, passaria na TV a cabo. Parece que, agora, um cinema aprazível com a leveza que a massa brasileira reivindica, mas também poético, aparece, aos poucos. Tal como a moda dos documentários musicais. Roland Barthes adorava cinema, mas era um cinema da solidão, do encontro consigo mesmo, do caminho pessoal de uma descoberta especial; mas hoje não sei se gostaria. Não sei se sentiria o mistério do corredor de cinema, ao ver os cartazes legendários dos cinemas 3D nos Shoppings de hoje.
O enlatado americano impera, geralmente, como uma espécie de região de indiscernibilidade entre a imaterialidade luminosa, bondosa, da família feliz, e o visco dos vômitos por debaixo da mesa, as piadas tolas, as obsessões patrióticas, os heroísmos broncos. Talvez este estilo de cinema americano um dia contamine o próprio amor pelo cinema, mas duvido que apagaria um Kubrick, Woody Allen, Coppola ou Hitchcock, por exemplo. Por isso, vamos lá conferir o filme “A Morte de Quincas Berro D´Água”, mesmo que seja como gesto coletivo de pirraça poética, para não dizer resistência. Afinal, “um mundo sem poesia seria indigesto.” Sendo uma comédia boa ou ruim, ao menos é um Jorge Amado nos cinemas.
****Texto escrito por Daniel de Oliveira Gomes (setepratas@hotmail.com). Ele é Professor Adjunto de Literatura no DELET, Departamento de Letras da UNICENTRO, em Guarapuava.
sexta-feira, 15 de abril de 2011
NPCinema inicia suas atividades na Unicentro
(Foto: Anderson Costa)
Público em massa lotou o Cinema Unicentro
Criado em 2010 pelo professor da Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste) e jornalista Anderson Costa, o NPCinema (Núcleo de Produção e Pesquisa em Cinema da Unicentro) vem desenvolvendo trabalho de discussão sobre a linguagem e a história do cinema, produzindo também curtas-metragens para competição em festivais.
Após um período de recesso, o NPCinema voltou com suas atividades nesta quinta-feira, 14 de abril, com a oficina “Fotografia e Cinema: Análises da Narrativa Visual”, que foi realizada no Cinema Unicentro, um dos locais mais emblemáticos do campus Santa Cruz da Unicentro.
Com casa cheia (todos os lugares estavam ocupados), Clério Back, que é fotógrafo profissional e professor daquela instituição (também coordenador do projeto), debateu sobre o papel da fotografia numa obra cinematográfica, focando principalmente no trabalho do diretor de fotografia.
Ao final da noite, Back apresentou exemplos do uso da fotografia em filmes como O escafandro e a Borboleta (2007, dir. Julian Schnabel) e Moça com Brinco de Pérola (2003, dir. Peter Webber).
A segunda parte da oficina será no próximo dia 25, também no Cinema Unicentro.
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Jorge Amado e o pós-capitalismo
Nesta postagem, continuamos a série de colaborações do escritor, músico e professor Daniel de Oliveira Gomes. Ele analisa a obra "A morte e a morte de Quincas Berro d'Água".
Continuo a frase de meu último artigo, articulando sobre o filme dirigido por Sérgio Machado, que se baseia na novela “A morte e a morte de Quincas Berro d´Água”, de Jorge Amado, de 1961. Minha frase era: “Um mundo sem poesia seria indigesto.” O problema do mundo sem poesia está no fato de que saímos da era dos boêmios, dos artistas ciganos, os poetas loucos, que eram alguns excluídos, para a era da peste de Camus virtual, a era do cerco total. Como diria Jorge Amado, o capitalismo sempre se conserva... Deste modo, o pós-capitalismo será um outro capitalismo mais eficaz. É o que Saramago quis pôr em evidência em Ensaio sobre a cegueira, ou Intermitências da Morte, apesar de este autor ainda estar dúbio entre a utopia e a pós-utopia, como Jorge Amado o era. Gosto muito de lidar em sala com temas vivos como esse romance “A morte e a morte de Quincas Berro d´Água”; porque, além do pressuposto do ensino, também se abre o pressuposto da extensão, que se dará na experiência livre das salas de cinema. Vivas ou mortas, no mundo pós-capitalista, as miragens são outras; “é importante ser delicado”; ouvimos, mas quem diz isso é geralmente um bruto que conquistou um “diploma de delicatesse”; porque hoje qualquer um pode dizer qualquer coisa, e isso faz efeito, por mais contraditório que seja. Pouco importa quem fala, disse Beckett e disse Foucault. Todos queremos apenas ser parte da “lindura da vida”, que dizem ser a festa da tecnologia, porque a mídia diz isso, a vida é bela; ou seja, gaste seu dinheiro na mais nova cachaça: cirurgias plásticas e alimentação orgânica; tenha anorexia para alegria dos paparazzi; sorria, você está sendo filmado; não envelheça jamais; compre logo sua TV de plasma ou LCD... Isto está no povo! Porque tudo é uma mania, uma loucura; porque todos somos in-diferentes e o hospício é aqui fora, todos somos iniguais, isso é ser lindo, ou vivo, aqui fora: a dessemelhança do gaste o quanto puder, não acumule, é impossível.
A TV é hoje fonte imprescindível de informação, mas também a agiota da imagem; nos empresta seus valores e ficamos, longo prazo, sorumbáticos, parece que devendo alguma coisa com muito mais juros. “Um mundo sem poesia seria indigesto.” Eis o que mostra Jorge Amado, no seu romance. Vamos ver se o filme mostrará o mesmo... O capitalismo avançou em direção às formas superiores, de modo que a liberdade, mesmo pela arte ou literatura, é uma ilusão capitalista. Estou sendo um pouco calamitoso, mas, por outro lado, antes da era da TV e internet, era lindo fingir que todos eram iguais, a velha utopia da democracia francesa da sociedade igualitária. Como dizia o velho Leminski, em seus anseios crípticos, toda arte virou mercadoria depois da segunda metade do séc. XX. O senso da vanguarda era fruto da “alegria de viver”, hoje, claro, não há a mesma exultação da belle époque. O Brasil que copiava o progresso da Europa, também copiou isso tudo. Hoje, o que ocorre é que: o lindo é ser lindo mesmo que se seja feio, ou seja, a política do “se aceite do jeito que você é”; sim, porque a sociedade te aceita do jeito que você é; a coletividade como pura assimilação de linduras e feiúras, isso é o americanismo do “lindo”, “se aceite do jeito que é, mas na casca seja outra coisa, compre um ser, tenha um ser”, mais que isso, “conquiste um ser”, convença. Susan Boyle. Esse mecanismo político autônomo do qual não há como fugir. Por isso, a apatia dos alunos, igual modo no interior do Paraná, os olhos lânguidos e desesperançosos dos adolescentes do séc. XXI, a indelicadeza de alguns jovens que nem mesmo diferentes podem tentar ser: só existe a norma mesmo e quem foge dela é o anormal. Até mesmo estudar Jorge Amado já é outra coisa, hoje, do que quando eu o estudei; é ver, antes de sua beleza e delicadeza poéticas, sua anormalidade com relação à sua época, mais que isso, vislumbrar sua anormalidade com relação ao hoje. Já Machado de Assis (pai de outro famoso “Quincas”) como anomalia é mais coerente para explicá-lo. Por isso, quem sabe os longas-metragens cômicos baseados no Bruxo do Cosme Velho sejam provavelmente mais fáceis de adaptar do que um Jorge Amado. Geralmente, o associamos às telenovelas, deste as primeiras séries da antiga TV Tupi, no mesmo ano da publicação deste romance.
O pior é que o anormal é também quem não foge da norma, ou consegue voltar a ela por uma reinserção. A diferença é que o anormal que tenta fugir é pego e vai ou para prisão ou hospício ou de algum modo o castram. Se não for pego é porque este anormal não fugiu, ele foi assimilado por outra estratégia de força subjetiva. É lindo até ser feio, é vivo até ser morto, desde que não apresente perigo para o rumo que o mundo sempre segue: o fim do mundo. E aqui, submerjo nos estudos foucaultianos do poder como autonomia social, mesmo não sabendo se isto pode consistir totalmente em Jorge Amado. Mas aí está. Insanos, ou anormais ao menos, aqueles que forem às Bibliotecas descobrir a sua obra, após o filme.
****Texto escrito por Daniel de Oliveira Gomes (setepratas@hotmail.com). Ele é Professor Adjunto de Literatura no DELET, Departamento de Letras da UNICENTRO, em Guarapuava.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Jorge Amado e a pós-utopia
No filme, o ator Paulo José vive o papel de Quincas
Nesta postagem, contamos com a colaboração de luxo do escritor, músico e professor Daniel de Oliveira Gomes. Ele inicia uma série sobre a obra "A morte e a morte de Quincas Berro d'Água".
Lançado em 2010, o filme Quincas Berro d'Água (Sérgio Machado) é baseado na clássica novela “A morte e a morte de Quincas Berro d´Água”, de Jorge Amado (1912-2001). Não se trata, aqui, de uma resenha do filme, pois apenas li a novela, uma das obras-primas preferidas do poetinha Vinícius de Moraes, já traduzida até para o búlgaro. O livro que coincidentemente estava trabalhando com meus alunos de Literatura Brasileira. Não tanto pelo regionalismo baiano, mas porque de algum modo, nesse pequeno romance, Jorge Amado zomba universalmente da morte, assim, zomba do mundo. No mínimo, duas mortes estão em jogo, tanto no romance quanto nos dias atuais, a morte séria, a de cada esquina, e a outra, a da “gandaia”, da louca utopia. Com a situação sinistra do mundo atual, exatamente o que temos são os catastróficos, que temem um atirador da escola do realengo que mata criancinhas sorrindo a cada esquina; e os festivos, que já não sofrem bullying, e zombam da morte ou contrafazem-se zumbizados pelos noticiários. De todo modo, o livro mostra aquilo que em classe repito aos meus alunos da Unicentro: “um mundo sem poesia seria indigesto.” Não é uma simples frase de efeito, é um pressentimento, quem sabe, de alguém que percebe que o mundo está dando vez a outro mundo, onde o assédio gera assédio, como a morte dá vez à outra morte, em Jorge Amado. A pergunta é: que mundo virá após este? Tudo leva a crer que será um mundo pós-racional, pós-utópico, onde o homem não se sentiria inseguro pela morte, ou por precisar provar ser diferente dos “animalescos”, até porque já terá massacrado quase todas as vidas rasas do planeta. Não terá fome, porque não precisará se sustentar, toda sustentabilidade será automática; não sofreria dores e teria perdido a posição vertical (nos diz Jacques Derrida), andar será francamente uma coisa primitiva e risível; o homem não se sentirá cego, por isso, porque seus olhos serão excedidos por claridades mais potentes; sequer aparecerão bombeiros avessos para incendiar perigosas bibliotecas, como no filme Fahrenheit 451. O episódio da normalização da morte não será impetuoso, acreditam os modernos sociólogos. Lentamente, não terá o homem nem mesmo medo de que o mundo acabe, pois já terá inventado novas estratégias de sobrevivência, de assédio ao planeta, será uma nova era, sem mundo mesmo. Talvez o cinema ainda exista, quem sabe como uma instituição extrema...
Repito “um mundo sem poesia seria indigesto” não como simples exemplo de que devemos idolatrar a poesia; porque, há tempos, temos que crer na descentralização da figura tradicional do professor em prol da idéia do professor como mediador do conhecimento. No entanto, que conhecimento eu estarei a mediar nessa frase? Como expressar uma desesperança ou um sonho para alguém, num mundo pós-utópico? Bem como: qual o grau desta indigestão artística nos alunos, ou o grau da resistência, diante de um filme desses? Como avaliar as personagens de Jorge Amado que brindam o morto com o morto? O mundo me parece pós-utópico, estamos rindo da morte, zombando, zumbizando por aí, porque hoje já não podemos sonhar como antes; de modo geral, ocorre pra todos. Todos irão aos cinemas comemorar Jorge Amado, os cinemas são mesmo lugares de reencontros; ao passo que as bibliotecas são locais de isolamento, de perdição interior, onde o sonho está por se construir no processo pessoal da leitura. Ratos pingados irão às bibliotecas públicas conferir esta trama, seja o filme bom ou ruim. Temos que morrer como Quincas Berro D´Água, para sonhar... Antigamente, podíamos sonhar politicamente, por exemplo, lutar pelos sonhos até sermos banidos ou assimilados, chegava um fanático e botava um grupo de rebeldes ou desiguais num campo de concentração, os exilava, como leprosos; ou como no “Conto de Escola”, do Machado, o professor assumia o papel do nariz da verdade, botando os alunos em seus lugares de submissão, o de filhos da tradição determinista. Pois bem, trocamos o mundo da palmatória pelo das palmas. A lei não é a do silêncio é a do debate infinito.
Hoje, todos nós somos os rebelados, os diferentes, amordaçados pela ficção do cotidiano americano; soa falso falar em repressão, ninguém mais é reprimido, nem mesmo nos gestos, ou trajes, ou gírias, seja como for, não há repressão, tudo é mais homogêneo; talvez seja a era da internet, da comunicação global em tempo real, tudo no mesmo saco, porque não há como fugir da impossibilidade de utopia. Apenas a lição do Jorge Amado: brincar com a morte, fazer dela poesia. Fazer de conta que, tal qual no vídeo game, temos várias vidas. Resta-nos sonhar que, ao menos, a literatura sobreviva para a massa por meio do cinema. Quão indigesto se todo o mundo virar cinema. Pois um mundo sem poesia seria indigesto.
****Texto escrito por Daniel de Oliveira Gomes (setepratas@hotmail.com). Ele é Professor Adjunto de Literatura no DELET, Departamento de Letras da UNICENTRO, em Guarapuava.
terça-feira, 12 de abril de 2011
Do rejoneador ao laçador
(Foto: siteobaterista.blogspot.com)
O embate entre touro e rejoneador é o foco do filme de Baggio
Acabo de assistir aos documentários Rejoneo (2010, dir. Eduardo Baggio, 5 min.) e Caminhão de Cavalo (2009, dir. Adriano Justino, 10 min.) no Cinema Unicentro, do campus Santa Cruz da Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste). A sessão ocorreu às 19h30min desta terça-feira, 12 de abril.
Primeiro, o que chama atenção é o fato de que o gênero desses dois filmes não é fácil de ser encontrado para exibição nos cinemas brasileiros. Claro que o apoio do projeto Cine Sesc Paraná e o fato de ser uma sala de cinema não-comercial ajudaram bastante na viabilidade do evento. Mas, mesmo assim, não deixa de ser notável reparar no público expressivo, que se dispôs a assistir a dois curta-metragens no formato documentário.
E, segundo, a proposta estética das duas produções. Dirigido por Eduardo Baggio, professor de cinema e um dos responsáveis por Amadores do Futebol (2007), Rejonero é feito todo a partir da colagem de fotografias do espetáculo Rejonero, um tipo de tourada em que o toureiro (ou rejoneador) faz sua arte montado a cavalo; é muito comum no sul da Espanha e em Portugal. Em imagens aceleradas e dessincronizadas, Baggio se apropria da técnica fotográfica para desconstruir a linguagem cinematográfica, o gênero documentário e a própria festa.
Fazendo ponte com esse filme, Caminhão de Cavalo apresenta o universo dos animais a partir da história de dois laçadores que percorrem as ruas da cidade de São Paulo. Eles têm uma missão menos glamourosa que a figura do rejoneador do outro curta-metragem: capturar cavalos e bois que circulam livres por aquela metrópole. Nessa missão, destaque para as imagens da sujeira e o modo bruto dos laçadores. Adriano Justino preferiu usar uma estética mais próxima do estilo de documentaristas como Eduardo Coutinho, ou seja, sem narração ou interferência de um narrador. São imagens montadas de modo a falar por si próprias.
O embate entre touro e rejoneador é o foco do filme de Baggio
Acabo de assistir aos documentários Rejoneo (2010, dir. Eduardo Baggio, 5 min.) e Caminhão de Cavalo (2009, dir. Adriano Justino, 10 min.) no Cinema Unicentro, do campus Santa Cruz da Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste). A sessão ocorreu às 19h30min desta terça-feira, 12 de abril.
Primeiro, o que chama atenção é o fato de que o gênero desses dois filmes não é fácil de ser encontrado para exibição nos cinemas brasileiros. Claro que o apoio do projeto Cine Sesc Paraná e o fato de ser uma sala de cinema não-comercial ajudaram bastante na viabilidade do evento. Mas, mesmo assim, não deixa de ser notável reparar no público expressivo, que se dispôs a assistir a dois curta-metragens no formato documentário.
E, segundo, a proposta estética das duas produções. Dirigido por Eduardo Baggio, professor de cinema e um dos responsáveis por Amadores do Futebol (2007), Rejonero é feito todo a partir da colagem de fotografias do espetáculo Rejonero, um tipo de tourada em que o toureiro (ou rejoneador) faz sua arte montado a cavalo; é muito comum no sul da Espanha e em Portugal. Em imagens aceleradas e dessincronizadas, Baggio se apropria da técnica fotográfica para desconstruir a linguagem cinematográfica, o gênero documentário e a própria festa.
Fazendo ponte com esse filme, Caminhão de Cavalo apresenta o universo dos animais a partir da história de dois laçadores que percorrem as ruas da cidade de São Paulo. Eles têm uma missão menos glamourosa que a figura do rejoneador do outro curta-metragem: capturar cavalos e bois que circulam livres por aquela metrópole. Nessa missão, destaque para as imagens da sujeira e o modo bruto dos laçadores. Adriano Justino preferiu usar uma estética mais próxima do estilo de documentaristas como Eduardo Coutinho, ou seja, sem narração ou interferência de um narrador. São imagens montadas de modo a falar por si próprias.
Cine Sesc exibe documentários na Unicentro
Como parte da programação anual de filmes do Cine Sesc Paraná, ocorre nesta terça-feira, 12 de abril, a exibição de dois documentários no Cinema Unicentro, localizado no campus Santa Cruz da Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste).
A partir das 19h30min, os curta-metragens Rejoneo (2010, dir. Eduardo Baggio, 5 min.) e Caminhão de Cavalo (2009, dir. Adriano Justino, 10 min.) serão a grande atração da noite. O primeiro filme apresenta o fascínio dos espetáculos de Rejoneo, uma apresentação típica da cultura hispânica; já o segundo, conta sobre o trabalho de dois laçadores que caçam animais fugitivos na cidade de São Paulo.
Assim, fica o convite para assistir a um tipo de gênero, o documentário, pouco conhecido do grande público.
A entrada é franca.
sábado, 9 de abril de 2011
Taca a mãe pra ver se quica
(Fonte: blog.lineup-br.com)
"Mãe é mãe". Mas, nesse caso...
Numa postagem anterior, comentei sobre Pacto Sinistro, em alusão à morte do ator Farley Granger. Então, nada melhor do que abordar Jogue a mamãe do trem (1987, Dir. Danny DeVito), uma comédia de humor negro inspirada nesse clássico de Alfred Hitchcock.
No filme dos anos 1980, Larry Donner (Billy Cristal) é um escritor em crise de criatividade que dá um curso de redação para novos autores. Um desses alunos é Owen Lift (Danny DeVito), solteirão que ainda mora com a mãe e é azucrinado por ela. Ao assistir a Pacto Sinistro num cinema qualquer, Owen tem a ideia de fazer o mesmo que os personagens do filme de Hitchcock: troca de assassinatos. Ele mataria a ex-esposa de Larry e este a mãe daquele.
Do seu jeito, Owen é um personagem meio perigoso, atormentado pelas esquisitices e amolações da própria mãe. Danny DeVito está impecável na pele desse cara. Para quem não sabe, ele já foi um grande ator e, principalmente, comediante. Não foi apenas Eddie Murphy que desceu a ladeira do talento...
Bom, mas voltando ao filme, não preciso nem dizer que as coisas não saem do jeito que Owen planejara. Principalmente, a cena que justifica o título do filme: jogar a mamãe de um trem em movimento.
Realmente, a coroa é duro na queda. Segundo a música do Dr. Silvana, nem quicando.
******Curta uma cena:
"Mãe é mãe". Mas, nesse caso...
Numa postagem anterior, comentei sobre Pacto Sinistro, em alusão à morte do ator Farley Granger. Então, nada melhor do que abordar Jogue a mamãe do trem (1987, Dir. Danny DeVito), uma comédia de humor negro inspirada nesse clássico de Alfred Hitchcock.
No filme dos anos 1980, Larry Donner (Billy Cristal) é um escritor em crise de criatividade que dá um curso de redação para novos autores. Um desses alunos é Owen Lift (Danny DeVito), solteirão que ainda mora com a mãe e é azucrinado por ela. Ao assistir a Pacto Sinistro num cinema qualquer, Owen tem a ideia de fazer o mesmo que os personagens do filme de Hitchcock: troca de assassinatos. Ele mataria a ex-esposa de Larry e este a mãe daquele.
Do seu jeito, Owen é um personagem meio perigoso, atormentado pelas esquisitices e amolações da própria mãe. Danny DeVito está impecável na pele desse cara. Para quem não sabe, ele já foi um grande ator e, principalmente, comediante. Não foi apenas Eddie Murphy que desceu a ladeira do talento...
Bom, mas voltando ao filme, não preciso nem dizer que as coisas não saem do jeito que Owen planejara. Principalmente, a cena que justifica o título do filme: jogar a mamãe de um trem em movimento.
Realmente, a coroa é duro na queda. Segundo a música do Dr. Silvana, nem quicando.
******Curta uma cena:
domingo, 3 de abril de 2011
Edgard Scandurra ao Vivo
Em 2010, o guitarrista Edgard Scandurra lançou o CD/DVD Edgard Scandurra Ao Vivo, que reúne as várias fases de uma carreira que começou, no mundo da música, há mais de 25 anos.
Na entrevista concedida ao Nova Estampa, realizada em conjunto com a Rádio Universitária 99.7 de Guarapuava (PR), o artista comentou sobre esse trabalho.
Agora, um aperitivo do DVD: a música "Meu mundo e nada mais", na participação especial de Guilherme Arantes.
Confiram:
Na entrevista concedida ao Nova Estampa, realizada em conjunto com a Rádio Universitária 99.7 de Guarapuava (PR), o artista comentou sobre esse trabalho.
Agora, um aperitivo do DVD: a música "Meu mundo e nada mais", na participação especial de Guilherme Arantes.
Confiram:
Estranhos no trem
(Foto: http://polorio.org.br)
O ator Farley Granger, que interpretou o tenista Guy Haines no clássico de Hitchcock, faleceu aos 85 anos
Dois desconhecidos se esbarram num vagão de trem. Um é tenista profissional; o outro é rico e aventureiro. Aos poucos, começa a desenrolar um curioso diálogo entre esses passageiros; até que um deles propõe algo meio maluco, o crime quase perfeito: ambos fariam uma troca, matando o inimigo do outro. Ou seja, o tenista assassinaria o pai do ricaço; e este faria o mesmo com a esposa daquele. “Linhas cruzadas”, “assassinatos cruzados”.
Assim começa uma obra-prima do cinema de suspense/mistério, Pacto Sinistro (1951). Baseado no romance homônimo de Patricia Highsmith, é um filme que choca não tanto pelo crime cometido, mas sim pela forma como o psicopata Bruno Antony (Robert Walker), o tal ricaço, enreda o tenista Guy Haines (Farley Granger) numa teia moralmente perigosa. Após cometer sua parte no “acordo” (matando a esposa do tenista), Bruno se torna praticamente uma sombra de Guy, estando em todo o lugar para forçá-lo a cumprir a outra parte (matar seu pai). Sem querer, o tenista vira cúmplice e quase cede à tentação.
Temos aí um típico dilema do cinema de Alfred Hitchcock (considerado o “mestre do suspense”): o inocente com culpa no cartório. Trocando em miúdos, para o diretor inglês não existiam personagens totalmente corretos. No fundo, todos nós temos algum tipo de pecado. No caso de Guy, era sua vontade de se livrar da esposa indesejada; mas ele não tinha coragem para tanto. Bruno acaba sendo a realização desse propósito, como se o “diabinho” interior do mocinho se materializasse num sujeito altamente perigoso.
Sem falar na famosa cena da morte da esposa de Guy. Seu estrangulamento é visto a partir do reflexo de seus óculos, que estão no chão.
Pra finalizar, fica nossa homenagem à memória do ator Farley Granger, que faleceu no último dia 27 de março, aos 85 anos.
****Curta o trailer:
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Edgard Scandurra revisita carreira em novo trabalho
(Foto: roquereverso.wordpress.com)
Considerado por muitos como um dos melhores guitarristas de sua geração, Edgard Scandurra fez parte do Ira!, um expoente do chamado Rock BR. Ao lado de André Jung, baterista, Ricardo Gaspa, baixista, e Nasi, vocalista, Scandurra produziu canções fundamentais para entender os anos 80: “Pobre paulista”, “Gritos na multidão”, “Envelheço na cidade”, “Núcleo Base”, “Flores em você”, entre outras.
Afinal, quem nunca se sentiu sozinho com o passar dos anos ou mesmo revoltado com o alistamento militar? As respostas ou perguntas para tudo isso são obra de um músico canhoto, que toca de maneira invertida.
Com o fim da banda em 2007, o artista resolveu se dedicar totalmente a sua carreira-solo que começou em 1989, com o disco Amigos Invisíveis.
Agora em 2010, Scandurra lançou o CD/DVD Edgard Scandurra Ao Vivo. Gravado no Teatro Fecap, em São Paulo, o trabalho mostra vários momentos de uma trajetória que vai muito além do som da banda paulistana. Assim, de canções obscuras do Ira!, como “O dia, a semana, o mês” e “Sorriso, poder, fama”, a material inédito, como “Não precisa me amar”, tudo faz parte da história particular de Scandurra. Uma história composta por timbres elegantes, letras confessionais e acordes minimalistas.
Para falar sobre esse trabalho, a reportagem do Nova Estampa, em parceria com o programa de rádio Unicentro Notícias, conversou com exclusividade com o guitarrista.
Durante a entrevista, ele comentou sobre o repertório, a escolha dos convidados, adiantou informações sobre o trabalho que está sendo gestado junto com Arnaldo Antunes e avisou a respeito do lançamento do novo site (que contará com transmissão on line de um show em tempo real).
*****Ouça o áudio da versão completa:
ESTAMPA-Entrevista Scandurra by novaestampa
****Se preferir, ouça o áudio da versão condensada que foi ao ar pela Rádio Universitária FM 99,7 de Guarapuava (PR):
ESTAMPA-Scandurra Entrevista 3 by novaestampa
Considerado por muitos como um dos melhores guitarristas de sua geração, Edgard Scandurra fez parte do Ira!, um expoente do chamado Rock BR. Ao lado de André Jung, baterista, Ricardo Gaspa, baixista, e Nasi, vocalista, Scandurra produziu canções fundamentais para entender os anos 80: “Pobre paulista”, “Gritos na multidão”, “Envelheço na cidade”, “Núcleo Base”, “Flores em você”, entre outras.
Afinal, quem nunca se sentiu sozinho com o passar dos anos ou mesmo revoltado com o alistamento militar? As respostas ou perguntas para tudo isso são obra de um músico canhoto, que toca de maneira invertida.
Com o fim da banda em 2007, o artista resolveu se dedicar totalmente a sua carreira-solo que começou em 1989, com o disco Amigos Invisíveis.
Agora em 2010, Scandurra lançou o CD/DVD Edgard Scandurra Ao Vivo. Gravado no Teatro Fecap, em São Paulo, o trabalho mostra vários momentos de uma trajetória que vai muito além do som da banda paulistana. Assim, de canções obscuras do Ira!, como “O dia, a semana, o mês” e “Sorriso, poder, fama”, a material inédito, como “Não precisa me amar”, tudo faz parte da história particular de Scandurra. Uma história composta por timbres elegantes, letras confessionais e acordes minimalistas.
Para falar sobre esse trabalho, a reportagem do Nova Estampa, em parceria com o programa de rádio Unicentro Notícias, conversou com exclusividade com o guitarrista.
Durante a entrevista, ele comentou sobre o repertório, a escolha dos convidados, adiantou informações sobre o trabalho que está sendo gestado junto com Arnaldo Antunes e avisou a respeito do lançamento do novo site (que contará com transmissão on line de um show em tempo real).
*****Ouça o áudio da versão completa:
ESTAMPA-Entrevista Scandurra by novaestampa
****Se preferir, ouça o áudio da versão condensada que foi ao ar pela Rádio Universitária FM 99,7 de Guarapuava (PR):
ESTAMPA-Scandurra Entrevista 3 by novaestampa
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