quarta-feira, 22 de junho de 2011

Kid Vinil: a enciclopédia do rock


(Foto: Adriana Martinez)
Kid contou sobre detalhes da produção do novo trabalho

Batizado como Antonio Carlos Senefonte, ele entrou para a história da música brasileira com um nome mais simples e chamativo: Kid Vinil. No comando da banda Magazine, ajudou a pavimentar o caminho do chamado RockBR nos anos de 1980, estourando com os hits “Sou boy” e “Tic tic nervoso”.

Muito mais do que um rock star, Vinil se consagrou ao longo de mais de 30 anos de carreira como uma verdadeira “enciclopédia do rock”, garimpando novas bandas e artistas em suas múltiplas atividades (apresentador de rádio e TV, colunista, crítico musical, escritor, DJ).

E essa lenda viva do rock esteve em Guarapuava (250 km de Curitiba), no último dia 11, para trabalhar como DJ numa festa. Longe dos holofotes da mídia e das grandes gravadoras, Vinil continua fazendo shows com sua banda, a Kid Vinil Xperience (KVX), e produzindo música. Ao final de 2010, lançou o disco independente Time Was, cujo repertório é composto por canções mais obscuras, de bandas dos anos 60 aos 90.

“A ideia era regravar coisas que normalmente ninguém pensaria que a gente fosse regravar. Resultou num disco bastante pessoal, já que é um repertório feito a partir de bandas que eu e o Carlos [Nishimyia, guitarrista da KVX] gostamos e colecionamos. É a realização de um sonho”, explica.

O artista comenta que, durante o processo de produção do disco, o objetivo não era simplesmente fazer um cover das originais. Havia a preocupação de dar uma “cara pessoal” às músicas, ou seja, que a versão representasse o som próprio da KVX.

ANOS 80
Num encontro com Kid Vinil, seria impossível não falar dos anos 80, uma época marcante para sua carreira. Afinal, ele esteve no comando de um programa de rádio, em São Paulo, que apresentou, ao grande público, bandas e cantores até então desconhecidos da mídia. Era o pontapé inicial para que toda uma geração do rock brasileiro começasse a se tornar popular no Brasil.

“O rock veio num momento certo, pois, naquela época, era a música popular que poderia acontecer no rádio e na TV”, afirma Vinil.

Além de revelar parte dessa turma, ele também esteve no olho do furacão, com a Magazine. E quase que um dos maiores sucessos da banda, “Tic tic nervoso”, foi dispensado.

Num primeiro contato com essa canção, Vinil conta que ele e os outros integrantes não gostaram do arranjo, preferindo deixar para o pessoal da Spray gravar. Mas, antes do lançamento do disco dessa banda, com a faixa “Tic tic nervoso”, o DJ teve um sonho revelador. Nele, aparecia a música num novo arranjo, totalmente diferente do original.

Assim que acordou, foi para o estúdio com o guitarrista e gravou a nova versão, tal como mostrada no sonho. No comparativo entre as duas canções, a gravadora preferiu a feita pela Magazine e “Tic tic nervoso” se tornou sucesso em todas as rádios.

CENÁRIO MUSICAL
Após a efervescência dos anos 80, hoje Vinil vive um momento mais tranquilo, sem a cobrança das grandes gravadoras. Segundo ele, o projeto Kid Vinil Xperience é feito dentro de um novo cenário do mercado fonográfico, em que não existe mais a pressão das gravadoras para alcançar o sucesso a qualquer custo, como era no passado.

“Esse é o caminho: não depender mais de gravadoras. O artista tem essa liberdade de fazer o que achar melhor, sem ficar preso à cobrança das gravadoras, que querem produzir o que elas acham que é certo”, afirma Vinil.

ALMANAQUE DO ROCK
Terminando a entrevista, Kid Vinil antecipa que o livro Almanaque do Rock (2008) vai ganhar neste ano uma nova edição, revista e ampliada. O objetivo é incluir bandas e cantores que ficaram de fora da primeira versão (esgotada); além de apresentar um glossário sobre o Rock in Rio, evento que ocorrerá no Rio de Janeiro.

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