segunda-feira, 27 de junho de 2011

A versão dark do “amigo da vizinhança”


O traço europeu de Carmine Di Giandomenico dá forma ao clima noir da narrativa


Com desenhos de Carmine Di Giandomenico e roteiro de David Hine e Fabrice Sapolsky, Homem-Aranha Noir (2011) reconta as origens do super-herói numa versão meio dark; ou melhor, bem ao estilo das narrativas noir da literatura e do cinema.

Fugindo da cronologia tradicional das HQs do aracnídeo, os autores levam o leitor a uma Nova Iorque sombria, miserável e violenta, dominada pela corrupção e pela gangue do Duende. Estamos em 1933, durante a Grande Depressão (período em que os Estados Unidos passaram por uma séria crise econômica e social).

Nesse contexto, os tios de Peter Parker (a verdadeira identidade do Homem-Aranha) são socialistas e agitadores, representando um perigo para as forças dominantes. Consequentemente, Ben Parker é cruelmente assassinado pelos capangas do Duende, um rico empresário inescrupuloso.

Esse acontecimento instala a revolta no jovem Peter, que acaba se tornando assistente do repórter Ben Ulrich, do jornal Clarim Diário. Durante as incursões jornalísticas pelo submundo, nosso herói conhece melhor a pobreza e a opressão na sociedade. Numa delas, ele é picado por uma aranha mística e ganha os famosos poderes aracnídeos.

Em seguida, descobre que Ulrich fora corrompido pelo crime organizado. É o estopim para Peter se tornar um justiceiro mascarado.

Recém-lançado pela Panini Books, divisão de luxo da editora brasileira Panini, Homem-Aranha Noir mergulha num aspecto pouco explorado pelos gibis tradicionais do aracnídeo: seu lado sombrio e calculista. Para o personagem, obter a verdade e restabelecer a ordem justificam os meios usados. Assim, ele é capaz até mesmo de matar a sangue frio um inimigo.

O traço sofisticado e escuro do italiano Carmine Di Giandomenico dá forma a uma ambientação que se aproxima daquelas narrativas noir (em português, “negro”, “sombrio”), imortalizadas no cinema dos anos de 1940/50 e na literatura policial de Dashiell Hammett e Raymond Chandler.

Mais do que nunca, o Homem-Aranha é um herói falível em sua tentativa de fazer o certo.

SERVIÇO
Homem-Aranha Noir (2011)/ David Hine, Fabrice Sapolsky e Carmine Di Giandomenico
108 páginas, formato americano
R$ 15,00 (em média)
Editora Panini Books
Disponível para compra em www.saraiva.com.br ou www.livraria.folha.com.br

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