(Imagem: www1.folha.uol.com.br)
Uma das marcas da HQ é o traço duro
O sucesso do filme Eu sou a Lenda (2007, dir. Francis Lawrence) trouxe à tona um autor que andava meio esquecido do grande público: Richard Matheson. Graças ao carisma de Will Smith, o filme resgatou o livro homônimo de Matheson (no Brasil, fora publicado com o título A última esperança sobre a terra). Boa parte dos espectadores ficou sensibilizada com a triste história de Robert Neville, o último homem na face da terra (isso até a chegada do personagem de Alice Braga). Apesar do clima pesado e desesperançado, o filme ficou a léguas de distância do niilismo de Matheson. Claro que uma versão mais próxima da essência do livro provavelmente não teria cativado o público.
Bom, para aqueles que sentiram falta do “verdadeiro” Matheson, existe uma luz no fim do túnel: no ano passado, a Devir Livraria lançou a versão em quadrinhos Eu sou a Lenda (agora, com o título correto). Escrita e desenhada pelos norte-americanos Steve Niles e Elman Brown, a nova adaptação é bem diferente do filme dirigido por Francis Lawrence. Em síntese, temos uma visão muito mais terrível sobre o apocalipse que se abateu sobre a raça humana. Neville é realmente o único homem que sobreviveu à peste que levou TODOS os outros indivíduos a se tornaram vampiros. Durante o dia, eles se escondem da luz e, à noite, saem para saciar sua fome por sangue. O principal alvo é justamente Neville, que precisa se refugiar em sua própria casa.
Sozinho, o último homem do planeta se entrega à bebida, tentando encontrar uma resposta para o surgimento da peste. Mais para o final do gibi, uma ponta de esperança surge na forma de um cachorro (nada a ver com o simpático pastor alemão do filme) e de uma mulher (também sem semelhanças com a sobrinha de Sônia Braga). No entanto, os fatos são traiçoeiros com Neville, revelando que a humanidade pode atingir um estágio ainda pior do que era antes da peste.
Produzido como uma graphic novel, o trabalho de Niles e Brown tem o mérito de se distanciar da versão cinematográfica de Lawrence (outras duas foram feitas antes: O último homem sobre a terra [1971] e Mortos que falam [1964]) e de se aproximar do livro de Matheson, resultando numa HQ soturna e lacônica. O ponto alto são os desenhos em preto e branco, cujo traço é rude e cru, com falhas feitas de maneira proposital. O ponto fraco é o excesso de texto, que não combina muito com a linguagem visual dos quadrinhos. Mas, ao final, tem-se boa impressão da versão feita por Niles e Brown.
Vale a pena conhecer.
Olá,
ResponderExcluirAssiti ao filme "Eu sou a lenda" e, recentemente, adquiri a HQ mencionada por você. Fiquei extremamente assombrada com o trágico destino do protagonista perdido na terrível cidade deserta de humanos e quaisquer outras formas de vida conhecidas. Os encontros com o cachorro e com a mulher - na HQ - foram extremamente sensíveis, sendo os desenhos e os textos magistrais, ainda que concorde contigo a respeito do texto na HQ.
Até,
Adriana.
Graças a você, pude conhecer a obra.
ResponderExcluir