terça-feira, 30 de agosto de 2011

Blues com gosto de cerveja

(Foto: Divulgação)
Após um disco ao vivo, o bluseiro brasileiro retornou com 13 faixas inéditas


“Um monte de cerveja, invadindo a minha mesa, jorrando como fonte, um monte de cerveja”. Assim é o refrão da canção de trabalho do mais recente CD de Celso Blues Boy, Por um monte de cerveja (2011), lançado em julho deste ano.

Após um hiato de dez anos e de um DVD/CD ao vivo (Quem foi que falou que acabou o Rock'n Roll?, em 2008), Blues Boy retorna com um disco de músicas inéditas. Os fãs do bom e velho blues agradecem, já que o artista é um dos precursores do gênero no Brasil, produzindo um som cantado em português.

Contando com a ilustre participação do pessoal do Detonautas Roque Clube como banda de apoio, Blues Boy reaparece na cena musical brasileira ao melhor estilo do blues: riffs suingados, letras inspiradas e solos matadores. Inclusive, ele continua com a mão esquerda calibrada, já que são solos característicos de sua guitarra, com muitos agudos e notas intensas.

Mesmo cinquentão, sua vitalidade é prova de que a passagem do tempo só fez bem à produção criativa de Blues Boy. Todas as 13 faixas do CD foram compostas por ele, mostrando que continua afiado nas letras e nas melodias.

O melhor exemplo é a música de trabalho, “Por um monte de cerveja”. Ela transita pelo universo etílico de bares e da noite, dando uma banana para a onda do politicamente correto. O trabalho anterior já mostrava um pouco disso, pois uma das músicas inéditas, “Quem foi que falou que acabou o Rock'n Roll?”, era uma boa provocação para a galera mais bem comportada.

Assim, para quem gosta de solos agudos, letras certeiras e voz rasgada, o novo CD de Celso Blues Boy é como pedir uma cerveja bem gelada numa noite quente.





SERVIÇO:
CD: Por um monte de cerveja (2011)
Artista: Celso Blues Boy
Preço: R$ 20,00
Onde adquirir: http://loja.penedoproducoesmusic.com.br/


Veja a gravação de uma das músicas do novo trabalho:

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Curitiba organiza Festival de Curtas-Metragens


Pela primeira vez em sua história, a cidade de Curitiba será sede de uma edição do Kinoforum, festival de curtas-metragens nacionais e internacionais. É o 1o Kinoforum/Curitiba 2011, que ocorrerá nos dias 2, 3 e 4 de setembro na sala 5 do Shopping Novo Batel.

Com entrada franca, o evento é uma edição itinerante do tradicional Kinoforum-SP – Festival Internacional de Curtas-Metragens, que está em sua 22a edição.

A responsável por trazer o evento para a capital paranaense é a pesquisadora de cinema Denize Araujo, que, em contato com a diretora executiva do Kinoforum-SP, Zita Carvalhosa, tornou possível tal empreitada.

Criada em 1995, a Associação Cultural Kinoforum-SP, entidade sem fins lucrativos, realiza atividades e projetos e apoia o desenvolvimento da linguagem e da produção cinematográfica. Em intercâmbio com associações e eventos nacionais e internacionais, promove a divulgação do audiovisual brasileiro, latino-americano e internacional.

O 1º Kinoforum-Curitiba 2011 será mais uma etapa de um projeto coordenado pela pesquisadora Denize, o Cultura Visual. Iniciado em 1997, tem por objetivo a formação de plateia crítica. Os participantes que quiserem fazer a inscrição terão certificado de extensão, de atividade complementar, emitido pelo MIS (Museu da Imagem e do Som de Curitiba). A ficha de inscrição está no site http://clipagemcuritiba.blogspot.com

ATIVIDADES
O 1º Kinoforum-Curitiba 2011 conta com as seguintes atividades: Mostra de Curtas Latino-Americanos, Mostra de Curtas Internacionais, Programas Especiais e debates.

A Sessão de Abertura será no dia 2 de setembro, às 19h. Haverá uma sessão às 16h30min e uma sessão às 19h30min nos dias 3 e 4 de setembro. As cinco sessões serão seguidas por debates.

A Mesa de Debates contará com pesquisadores e críticos de cinema de São Paulo e Curitiba, objetivando a formação de plateia crítica. Alguns dos debatedores serão William Hinestrosa, do Kinoforum-SP; Paulo Camargo, da Gazeta do Povo; Fernando Severo, do MIS; Camila Moraes, da seleção da Mostra Latina; Paulo Munhoz, da Tecnokena; e Denize Araujo (mediadora), da Pós-UTP.

APOIO

O 1º Kinoforum-Curitiba 2011 será patrocinado e realizado pelo Clipagem (Centro de Cultura Contemporânea), tendo o apoio cultural do Shopping Novo Batel, da Secretaria de Cultura, do MIS (Museu da Imagem e do Som de Curitiba), do Centro Europeu, da Pós-UTP, da Larus Viagens, das Livrarias Curitiba, da Casa di Bel, do Restaurante Patanegra, do Cuore di Cação Chocolateria, e de Bolinelli Eventos e Produções Artísticas.

O 22º Kinoforum-SP conta com o patrocínio do Ministério da Cultura, da Petrobrás, do Sesc, SAV, Avon e das Secretarias Municipal e Estadual de SP.



(Com informações de Assessoria de Imprensa)

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

“Planeta dos Macacos: A Origem” estreia nos cinemas brasileiros

(Foto: www.adorocinema.com.br)
Filme conta como os macacos dominaram o planeta



Quarenta e três anos depois do filme estrelado por Charlton Heston, chega às telas dos cinemas brasileiros uma nova adaptação da “saga símia”: Planeta dos Macacos: A Origem (2011). É a grande estreia desta sexta-feira (26) no Cine XV.

Para entender o longa-metragem dirigido por Rupert Wyatt, é preciso voltar no tempo e resgatar um clássico da ficção científica. Em 1968, o ator Heston vivia o papel de George Taylor na produção rodada por Franklin J. Schaffner, O Planeta dos Macacos. O personagem era um astronauta cuja nave Ícarus (referência ao mito grego) cai num planeta desconhecido. Para sua surpresa, Taylor descobre que o tal lugar é dominado por macacos inteligentes e autoritários.

Após ser escravizado e perseguido pelos símios, o herói consegue fugir. Seu objetivo era escapar do planeta dos macacos. Mas, na cena final, Taylor descobre a verdade: durante todo esse tempo, ele esteve em seu próprio planeta. Na verdade, havia viajado no tempo.

Em 2001, Tim Burton realizou um remake que fracassou nos cinemas. Muita gente não entendeu sua versão mais moderninha.

Ao contrário de Burton, o diretor britânico Rupert Wyatt se propõe a um projeto mais original: mostrar como os macacos se tornaram inteligentes e escravizaram a raça humana. O segredo está no protagonista da nova produção, César (Andy Serkis); ele é considerado o primeiro macaco a se revoltar contra os humanos.

Sua origem, no entanto, não é mais como filho dos chimpanzés Zira e Cornélius (como ocorre em um dos cinco filmes da “saga símia”); mas como resultado de experiências genéticas.

O grande destaque de Planeta dos Macacos: A Origem é o ator Andy Serkis, que dá vida ao macaco César. Experiente na representação de personagens de computador, como o Gollum de O Senhor dos Anéis, Serkis consegue impressionar na caracterização de César. Claro que os efeitos especiais são essenciais. Mas, sem um grande ator, talvez não tivéssemos um personagem tão convincente.

SAGA SÍMIA
Nos anos de 1960/70, O Planeta dos Macacos se tornou verdadeira febre no mundo todo. Foi o primeiro filme de ficção científica a se tornar uma franquia, com quatro continuações e muitos derivados, como séries de televisão, desenhos animados, quadrinhos e todo tipo de parafernália, como bonecos, figurinhas e fantasias.

SERVIÇO:
Filme: Planeta dos Macacos: A Origem (2011), 105 min, legendado
Estreia sexta-feira, 26 de agosto
Local: Cine XV
Horários: 17h00min, 19h15min e 21h30min; sexta, sábado e domingo, sessão extra às 15h00min
Valor: a consultar (Tel.: 3621-2005)
Sala: o cinema é localizado no centro de Guarapuava, na Rua Getúlio Vargas, 1716.



quinta-feira, 25 de agosto de 2011

“Os pinguins do papai” é a grande estreia do Cine Irati

(foto: www.adorocinema.com.br)
Ao lado de pinguins, Carrey se diverte em filme



Para alegria de pais e filhos, Os pinguins do papai (2011) chega à sala do Cine Irati, na estreia desta sexta-feira (26).

Estrelado pelo comediante norte-americano Jim Carrey, o longa-metragem parte de uma história ingênua e simples: Carrey vive Tom Popper, um especialista em comprar imóveis antigos, para que sejam demolidos de forma que sua empresa possa construir modernos edifícios.

Sua vida toma outro rumo quando recebe a notícia de que seu pai, um aventureiro que rodou o mundo, faleceu na Antártida. No testamento, ele deixa para o filho um pinguim, entregue em uma caixa refrigerada. Sem saber o que fazer, Popper resolve ficar com ele após perceber a afeição que seus filhos nutrem pelo animal. Aí, começa toda confusão.

Baseado no livro Os pinguins do Sr. Popper (1938), de Richard e Florence Atwater, Os pinguins do papai é a grande aposta de Jim Carrey para voltar ao sucesso alcançado nos anos de 1990, quando foi revelado ao mundo como o detetive de animais Ace Ventura.

Com direção de Mark Waters, a nova produção é uma comédia bem ao estilo do ator: situações inusitadas e muito improviso. É nesses momentos que Carrey pode ser tanto um gênio do humor quanto um cara metido a engraçadinho. A linha que separa o sucesso do fracasso é tênue.

Diante de tantas comédias na linha besteirol de Se beber, não case – Parte 2, a inocência de Os pinguins do papai é um sopro de alegria para o público dos cinemas.

SERVIÇO
Filme: Os pinguins do papai (2011), 94 min.
Estreia: sexta-feira, 26 de agosto
Local: Cine Irati
Horário: 20h30min
Valor: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)
Sala: O cinema é localizado no centro de Irati (a 100 km de Guarapuava), na Travessa Frei Jaime, 37, próximo da agência do Itaú.


Centro de Artes inaugura exposição


Em Guarapuava, o Centro de Artes e Criatividade Iracema Trinco Ribeiro promove a exposição “Figuras, Cores e Formas”, da artista plástica Alba Condessa. A abertura da mostra será nesta quinta-feira (25), às 20 horas, nas dependências do Centro.

Montada com 31 obras, a exposição resume várias fases da carreira da artista Alba, com telas pintadas a óleo e acrílico. Fica aberta para visitação até o dia 15 de setembro, com entrada franca.

HORÁRIOS
O Centro de Artes e Criatividade Iracema Trinco Ribeiro fica localizado na Rua Marechal Floriano Peixoto, 1.399, centro de Guarapuava (250 km de Curitiba). Os horários de visitação são das 8h às 11h30min; e das 13h às 17h30min.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Paulo Leminski, um distraído que venceu

(imagem: allthelikes.com)
Leminski, no traço de Claudio Seto



Na Curitiba dos anos de 1980, uma figura extravagante caminha pelas ruas da cidade. Faz frio. Como é peculiar na capital paranaense, todos estão usando roupa neutra e com cara de poucos amigos. Mas o tal personagem é o oposto disso, personificando uma espécie de “estranho no ninho”: alegre, cores aberrantes, bigode transbordando, óculos redondos. Em suma, é um “ex-estranho”, conforme o título de um de seus livros.

Pode parecer clichê, mas esse cara seguiu à risca, enquanto viveu, a imagem de um poeta inconformado com o mundo e, principalmente, com a vida burocrática da gente curitibana. Não contente apenas em fazer poesia, exerceu atividades várias: professor de cursinho, publicitário, tradutor, crítico literário, letrista de música e até judoca. Em todas elas, era o provocador por excelência, se envolvendo em debates e conversas com intelectuais.

Estamos falando de Paulo Leminski, o “bandido que sabia latim”. Ele pertenceu à geração de poetas dos anos de 1970/80, que buscava formas alternativas para produzir e modificar a literatura da época. Se estivesse vivo, nesta quarta-feira (24) Leminski faria 67 anos de idade.

Pesquisador da obra de Leminski e professor da área de Literatura Brasileira do Departamento de Letras da Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste), Cláudio José de Almeida Mello afirma que o escritor curitibano conseguiu firmar seu nome na tradição literária brasileira contemporânea. Principalmente, com a produção em prosa, casos de Catatau (1975) e Agora é que são elas (1984).

“A prosa do Leminski é ímpar. Catatau é uma obra que marca a história da literatura brasileira por seu radicalismo, que é quase incomparável. Talvez somente Galáxias, do Haroldo de Campos, esteja no mesmo patamar, ou seja, de um romance mais para ser estudado do que propriamente lido”, afirma.

Narrativa que mistura prosa e poesia, Catatau consumiu dez anos da vida de Leminski para chegar a público. Com pouca ação e calcado na reflexão sobre as andanças de Renatus Cartesius, um duplo do filósofo francês René Descartes (1596-1650), pelo Nordeste do Brasil. O pesquisador Mello chama a atenção para a presença do primeiro “personagem semiótico” da literatura brasileira, Occam. “Claro que todo personagem é ficcional. Mas o Occam é um personagem que existe somente na linguagem do narrador”.

Desse modo, o poeta curitibano se preocupa em representar o real e dialogar com a teoria literária. Por esse e outros motivos, Catatau é reconhecido como um dos grandes romances da história cultural brasileira. Mello só lamenta que exista pouco interesse no âmbito dos estudos literários e, principalmente, nos círculos de leitura para conhecer mais a fundo a obra.

Além desse livro, o professor da Unicentro destaca outra grande narrativa do mesmo autor, Agora é que são elas, que foi inclusive objeto de estudo em sua dissertação de mestrado. “É uma obra fabulosa. É um livro muito bom do ponto de vista estético”.

Segundo Mello, nos últimos anos a pesquisa acadêmica tem se debruçado sobre a narrativa de Leminski, descobrindo o quando essa produção supera a poesia. Na verdade, esta é feita de altos e baixos, pois, segundo o pesquisador, ao mesmo tempo em que produzia poemas elaborados e significativos, Leminski era capaz de textos banais, que era fruto de algumas brincadeiras e trocadilhos:

a palmeira estremece
palmas pra ela
que ela merece


Em relação a outras facetas do poeta (letrista e ensaísta, por exemplo), o pesquisador é da opinião de que elas carecem de maior profundidade. Por isso, o grande destaque para a prosa leminskiana que, em alguns momentos, pode ser difícil e indecifrável.

Mas, acima de tudo, fica a impressão de que Paulo Leminski queria comunicar uma experiência por meio de sua literatura. “Narrar para ele era isso: compartilhar a experiência humana”, finaliza Cláudio Mello.

A idade da experimentação

Nascido em agosto de 1944, se estivesse ainda vivo, Paulo Leminski completaria 67 anos nesta quarta-feira (24). Criado em Curitiba, mas com uma cabeça cosmopolita, principalmente pela influência da poesia Concreta de São Paulo e pela poesia oriental, Leminski incomodou muito a inteligência paranaense de sua época.

Poeta, tradutor, crítico literário, agitador cultural, professor de cursinho, publicitário e judoca, ele conseguiu gravar seu nome na tradição literária brasileira contemporânea, junto com Chacal e Ana Cristina César (na poesia) e Haroldo de Campos (na prosa poética). É o que pensa o professor de Literatura Brasileira da Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste) e pesquisador da obra leminskiana, Cláudio José de Almeida Mello.

Para Mello, a grande marca da obra de Leminski é o experimentalismo estético, principalmente em obras como Catatau (1975), uma mistura do romance com a subjetividade e a abstração da poesia. “É uma invenção em termos do gênero do romance. É uma obra complexa e teórica, já que carrega no subtítulo sua melhor definição: 'romance-ideia'”, argumenta.

Com uma trajetória de inquietação e experimentação, Leminski levou uma vida intensa, entregue à boemia. Se fosse ainda vivo, estaria com 67 anos. Fica a pergunta: como seria seu comportamento artístico nos dias de hoje?

“Como ele levava muito a sério sua poesia, produziria uma obra ainda muito mais importante do que já era naquela época”, afirma Mello.

“Catatau” é a grande obra de Leminski

(Imagem: verdestrigos.org)



Obra menos conhecida de Paulo Leminski, Catatau (1975) consumiu dez anos da vida do poeta para concluí-la. Para pesquisadores como Cláudio José de Almeida Mello, professor de Literatura Brasileira da Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste), e poetas como Haroldo de Campos, é o livro mais bem acabado de Leminski.

No enredo, Renatus Castesius, espécie de protótipo do filósofo francês Reneé Descartes (1596-1650), aporta nas praias do Brasil. Diante da realidade local, seu sistema racional de pensamento entra em parafuso. Resta-lhe aguardar a chegada de outro personagem, que pode salvar seu dia.

Com quase nenhuma ação, o livro é todo estruturado a partir da subjetividade do personagem, tornando-se um desafio de leitura. Para complicar, a narrativa ainda conta com o primeiro personagem semiótico da história da literatura brasileira, Occam.

Em 2010, a editora Iluminuras lançou uma nova edição do Catatau, que manteve a imagem de capa da primeira edição: “Cenas de luta na sala de uma tumba em Beni Hasan” (Egito, c. 2000 a.C., anônimo).

Após 36 anos de seu lançamento, é uma obra que continua a incomodar a inteligência brasileira e se configurar num enigma para os leitores.


SERVIÇO

Título: Catatau (Ed. Iluminuras), 253 p.
Autor: Paulo Leminski
Preço: R$ 44,00
Onde adquirir: www.saraiva.com.br


*****Trecho da obra:
Que flecha é aquela no calcanhar daquilo? Picatacapau! Pela pena é persa, pela precisão do tiro — um mestre. Ora os mestres persas são sempre velhos. E mestre, persa e velho só pode ser Artaxerxes ou um irmão, ou um amigo, ou discípulo ou então simplesmente alguém que passava e atirou por despautério num momento gaudério de distração. Flecha se atira em movimento, ninguém está parado. Nem o cavalo, nem o cavaleiro; nem a mente, nem a mão; nem o arco, nem a flecha, e o alvo o vento leva: tiro certo. Dentiscalpium in oculo. Todo teu lado direito puxa a linha, todo o esquerdo segura a flecha. Spes! Tiro feito, volta-se à unidade perdida. Mas arcos atrás isso não é coisa que se diga, que se faça, arqueiro pouco diz. Cala-se, de hábito, porque ignora tudo na arte em que é exímio. Depois, velhos não são dados a festas. Lísbia sabatária — bazanz! Sabazii sabaia! Copaplena! Muito sabe, pouco ri. Enquanto muitos riem, os mestres a portas fechadas meditam sobre a guerra. O primeiro gole de vinho melhora o tiro, o segundo gole — só Zenão! Assim como o primeiro tiro aprimemora o segundo tiro, a segunda flecha corrige a receita. Eclipse entra no sol em frente duma flecha persa, o sol pára e Xerxes o preenche a flechas. Como viver à luz de flechas? Da arte — não se vive; ver flor, calar. E calando a boca, de assunto mudo, vamos falar de flechas persas. O assunto me muda. O silêncio, próprio de alunos, instrui. Mas só os mestres sabem calar dizendo tudo. Tudo é ainda pouco. Na gata! Acertou na gata, paragate, parassangate! Tudo não tem detalhes. Na arte, detalhe é tudo, todo cuidado é pouco em se tratando dos mínimos detalhes que lhe derem na telha. Veja um mestre, por exemplo; como se move, como se levanta, como sabe fazer bem as coisas que todo mundo sabe. Mas há mestres e mestres. Nem todo mestre é próspero. Alguns cultivam artes sutilíssimas. Esses, às vezes, não têm apóstolos. São os últimos pioneiros. Livro não adianta. O dedo do mestre é sempre mais que o centro aonde aponta, ou não então? A cara dos mestres é o modelo das máscaras. Que cara alguém terá para erguer a máscara que jaz sobre a cara dos mestres? Tem uma palavra muito boa para dizer isso mas os mestres não ensinam a falar, só a fazer. O que se pode dizer da arte nada tem que ver com ela. O mestre é onde a arte já morreu: por isso, mestres não lutam. Sempre há coisas que aprender: um pequeno truque, um meneio mais rápido, um trejeito gaiato, um grito junto. O que os mestres sabem é o que há para aprender.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

DVD registra lendas do rock

(Foto: leisureblogs.chicagotribune.com)
Clapton, o dono da festa, em solo inspirado



Durante muito tempo, Eric Clapton, conhecido como “slow hand” ou “Deus da guitarra”, se afundou em drogas de todos os tipos. Parte dessa vida de excessos pode ser conferida no ótimo livro Eric Clapton: a autobiografia (2007). Após controlar a dependência e se tornar abstêmio, o artista criou o Crossroads Centre (referência ao clássico de Robert Jonhson, “Crossroads”), que ajuda gente com dificuldades para superar o vício com drogas.

Para arrecadar fundos à entidade, Clapton teve uma boa sacada: resolveu convidar seus amigos da música para tocar em um festival em homenagem à guitarra. Trata-se do Crossroads Guitar Festival. A cada dois ou três anos, ele reúne seus chapas para angariar fundos e fazer a alegria do público. Buddy Guy, B.B. King, ZZ Top e muitos outros já passaram pelos palcos armados em Chicago, nos Estados Unidos.

As vendas com os DVDs são todas revertidas para a entidade filantrópica.

Na mais recente edição, lançada em 2010, um DVD duplo registra mais de quatro horas de shows que vão do blues ao folk, com apresentações inspiradas e marcantes. Nunca é demais lembrar que o mítico Buddy Guy, herói de “garotos” como os Rolling Stones, continua na ativa, dando seus famosos bends em sua guitarra Fender estampada com “bolinhas”.

No Crossroads Guitar Festival 2010, ele aparece ao lado de Ronnie Wood, integrante dos Stones, numa apresentação incendiária. Durante a performance, uma das cordas de sua guitarra se rompeu. Solidário, Ronnie ofereceu sua guitarra; mas Buddy preferiu improvisar e aguardar a troca. Tudo isso com a música rolando.

Outra apresentação marcante foi da lenda do rock and roll, Jeff Beck. Famoso por não usar palheta, ele fez uma interpretação inspirada de um tema da música erudita: “Nessun Dorma”. Beck repetiu um estilo de sua carreira: fusão entre erudito e pop, produzindo melodias históricas.

No restante do DVD, mais apresentações marcantes: o próprio Eric Clapton, Steve Winwood, ZZ Top, John Mayer, B.B. King, Derek Trucks, Sheryl Crow, Vince Gill, entre muitos outros.

Agora, resta aguardar a próxima reunião dessa turma toda que adora uma guitarra bem tocada.

SERVIÇO:
DVD: Crossroads Guitar Festival (2010), 240 min
Artistas: Vários
Preço: R$ 69,90
Onde adquirir: www.saraiva.com.br


Momento mágico: ao lado de alguns "jovens", B.B. King e sua Lucille encerram o festival:

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Série resgata histórias clássicas de super-heróis


(Imagem: www.paninicomics.com.br)


Em tempos de vacas magras para os quadrinhos, as grandes editoras têm investido em edições luxuosas, com papel especial, capa dura e número maior de páginas. O público-alvo é aquele com maior poder aquisitivo e que já passou dos 30 anos de idade. Em resumo, o gibi deixa de ser consumido na velha e boa banca de jornal (em extinção) para ganhar as estantes das livrarias.

Se, por um lado, as HQs se sofisticam; por outro, acabam perdendo leitores jovens e com pouca grana.

Felizmente, algumas iniciativas têm tentado popularizar novamente os quadrinhos, principalmente o do gênero “super-herói”. É o caso da série Marvel + Aventura: grandes histórias que marcaram época, lançada há pouco tempo pela editora brasileira Panini Comics. Tudo isso pela bagatela de R$ 1,99.

A proposta da nova revista é resgatar histórias clássicas de famosos heróis da lendária Marvel Comics, editora norte-americana que, junto da arquirrival DC Comics, ajudou a construir uma galeria icônica de personagens de papel do século 20: Homem-Aranha, X-Men, Hulk, Demolidor etc.

Nos dois primeiros números, Marvel + Aventura abordou histórias clássicas de Wolverine e Homem-Aranha. Pegando carona no lançamento do filme Capitão América: o Primeiro Vingador (2011), o número atual apresenta as origens do Capitão América e do Caveira Vermelha.

Com papel especial e reprodução das capas originais, a preciosidade do gibi é recuperar histórias desenhadas por uma das duplas de criação mais importantes das HQs de super-heróis: o mestre Stan Lee (roteiro) e o “rei” Jack Kirby (desenhos). É interessante notar como a linguagem dos quadrinhos mudou muito em quase 50 anos.

O leitor iniciante e o leitor maduro só têm a ganhar, pois enquanto o primeiro pode finalmente conhecer as origens do Sentinela da Liberdade, o segundo recorda aventuras que marcaram sua infância ou adolescência.

SERVIÇO
HQ: Marvel + Aventura (2011), n. 3
Artistas: Stan Lee e Jack Kirby
Preço: R$ 1,99
Onde adquirir: disponível em bancas de jornal

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

“Assalto ao Banco Central” estreia no Cine XV

(Foto: www.assaltoaobancocentral.com.br)
Lima Duarte vive um investigador


Baseado num famoso caso criminoso, Assalto ao Banco Central (2011) é a estreia isolada desta sexta-feira (19) no Cine XV.

Em quarto lugar nas bilheterias brasileiras, o filme dirigido pelo global Marcos Paulo investiga o maior assalto já cometido a bancos na história do país. Em agosto de 2005, a sede do BC em Fortaleza foi alvo de uma ação espetacular: sem que ninguém percebesse, um túnel levou uma quadrilha para dentro do prédio. Na ação, foram roubados cerca de R$ 164 milhões.

Da realidade para as telas do cinema, Assalto ao Banco Central põe em cena os personagens que planejaram e executaram o assalto ousado. A trama tem início quando Barão (Milhem Cortaz) recebe de um figurão do crime organizado a proposta tentadora de realizar o maior assalto da história do país. Ao lado de Carla (Hermila Guedes), ele começa a recrutar ajudantes para executar a desafiadora missão.

Responsável pelo roteiro, Renê Belmonte optou por uma narrativa que alterna presente (investigação do crime) e passado (preparação do túnel) para contar a extraordinária história.

No elenco, gente conhecida do público brasileiro: Milhem Cortaz, Hermila Guedes, Lima Duarte, Tonico Pereira, Hermila Guedes e Giulia Gam.

SERVIÇO
Filme: Assalto ao Banco Central (2011)
Estreia sexta-feira (19)
Local: Cine XV
Horários: 19h15min e 21h15min
Valor: a consultar (Tel.: 3621-2005)
Sala: o cinema é localizado no centro de Guarapuava, na Rua Getúlio Vargas, 1716.



Tá faltando emprego no Planeta dos Macacos

(Foto: www.adorocinema.com.br)
Quem diria, Taylor continuava no mesmo lugar


Para quem acompanha cinema, uma das estreias mais aguardadas do ano é Planeta dos Macacos: A Origem (2011, dir. Rypert Wyatt). Trata-se de uma retomada da famosa franquia iniciada em 1968, com o filme O Planeta dos Macacos.

O novo filme, com previsão de estreia para 26 de agosto, parte de uma premissa muito boa: contar como os macacos se tornaram inteligentes e escravizaram a humanidade.

Mas, enquanto ele não chega às salas de cinema, vale a pena relembrar o clássico estrelado por Charlton Heston. Um clássico que, em 2001, Tim Burton conseguiu estragar com um remake muito pretensioso. Mas, aí já é outra história.

Voltando a 1968... a história parece simples: nave tripulada por George Taylor (Heston) e seus companheiros se desvia da rota e acaba caindo num planeta dominado pelos macacos. A luta do personagem é para escapar da escravidão imposta por tais seres.

Quando Taylor acha que conseguiu escapar, vem um dos melhores finais da história do cinema. Ele contempla, desesperado, as ruínas da Estátua da Liberdade. Durante todo esse tempo, ele estava em casa.


“Transformers 3” estreia no Cine Irati

(Imagem: www.adorocinema.com.br)



Repleto de cenas de ação e com muita adrenalina, Transformers 3 (2011) é a grande estreia desta sexta-feira (19) no Cine Irati.

Dirigido por Michael Bay, o filme é o terceiro exemplar de uma franquia que tem dado certo nos cinemas. É o retorno daquele velho embate entre Autobots e Decepticons, com os humanos no meio da história.

Desta vez, os Autobots partem em viagem ao lado oculto da lua (não confundir com o disco “The Dark Side of the Moon”, do Pink Floyd) para resgatar um antigo líder. Enquanto isso, os Decepticons, que seriam os transformers do mal, aproveitam para atacar os humanos.

Tanto para nostálgicos do desenho animado quanto para as novas gerações, é garantia de cenas movimentadas e espetaculares.

Filme: Transformers 3 (2011), 157 min.
Estreia sexta-feira, 19 de agosto
Local: Cine Irati
Horário: 20h30min
Valor: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)
Sala: O cinema é localizado no centro de Irati (a 100 km de Guarapuava), na Travessa Frei Jaime, 37, próximo da agência do Itaú.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Unicentro promove mais uma edição da Quinta Nobre




Dentro da programação do projeto Quinta Nobre, hoje tem Recital de Canto no auditório Francisco Contini, do campus Santa Cruz da Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste), às 20 horas.

No palco, o público terá rara oportunidade de conhecer valores locais do canto.

Promovido pela PROEC (Pró-Reitoria de Extensão e Cultura), através da DIRC (Diretoria de Cultura), o projeto Quinta Nobre teve início em 2011 com a proposta de valorizar artistas locais em apresentações que ocorrem uma vez por mês. Já foram realizados concertos de piano.

SERVIÇO
Data: Quinta-feira, 18 agosto
Horário: 20 horas
Local: Auditório Francisco Contini, campus Santa Cruz da Unicentro
Valor: Entrada Franca

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

“Ursinho Pooh” é opção infantil no Cine XV

(Imagem: www.adorocinema.com.br)
Pooh e sua turma em busca de Christopher


Para a garotada que curte um desenho animado (e para os adultos mais nostálgicos), uma boa pedida é o desenho animado Ursinho Pooh (2011), que estreia nesta sexta-feira (12) no Cine XV.

O personagem Pooh, que já foi chamado no Brasil de “Puff”, é um simpático urso que vive no “Bosque de 100 Acres” junto com seus amigos inseparáveis: Tigrão, Leitão, Coelho, Corujão e Can e Guru. São animais que ganham a companhia do garoto Christopher (no Brasil, também foi nomeado como “Cristovão”).

As histórias do ursinho Pooh surgiram nos anos de 1920, pelas mãos do escritor A. A. Milne. Posteriormente, foi adaptado pela Disney para TV, no formato de séries e médias-metragens.

Para as telonas do cinema, os diretores Stephen J. Anderson e Don Hall mantiveram o espírito ingênuo, pacato e melancólico do personagem. Mas, agora numa aventura um pouco mais agitada: em busca do paradeiro de Christopher.

SERVIÇO
Filme: Ursinho Pooh (2011), dublado
Estreia: sexta-feira, 12 de agosto
Local: Cine XV
Horário: 17h00min e 18h00min
Valor: a consultar (Tel.: 3621-2005)
Sala: o cinema é localizado no centro de Guarapuava, na Rua Getúlio Vargas, 1716.



“Os pinguins do papai” estreia no Cine XV

(Foto: www.adorocinema.com.br)
Carrey se diverte com sua família de pinguins


Ao lado de Se beber, não case! - Parte 2 (2011), o filme Os pinguins do papai (2011) é uma das estreias desta sexta-feira (12) no Cine XV.

Baseado no livro Os pinguins do Sr. Popper (1938), de Richard e Florence Atwater, Os pinguins do papai é a grande aposta de Jim Carrey para voltar ao sucesso alcançado nos anos de 1990, quando foi revelado ao mundo como o detetive de animais Ace Ventura.

Com direção de Mark Waters, a nova produção é uma comédia bem ao estilo do ator: situações inusitadas e muito improviso. É nesses momentos que Carrey pode ser tanto um gênio do humor quanto um cara metido a engraçadinho. A linha que separa o sucesso do fracasso é tênue.

A depender do público, parece que o ator acertou dessa vez. Só no Brasil, os cinemas registraram a marca de dois milhões de espectadores para o filme.

Tudo porque Carrey vive Tom Popper, um especialista em comprar imóveis antigos, para que sejam demolidos de forma que sua empresa possa construir modernos edifícios. Sua vida toma outro rumo quando recebe a notícia de que seu pai, um aventureiro que rodou o mundo, faleceu na Antártida. No testamento, ele deixa para o filho um pinguim, entregue em uma caixa refrigerada. Sem saber o que fazer, Popper resolve ficar com ele após perceber a afeição que seus filhos nutrem pelo animal. Aí, começa toda confusão.

SERVIÇO
Filme: Os pinguins do papai (2011), dublado
Estreia: sexta-feira, 12 de agosto
Local: Cine XV
Horário: 17h15min
Valor: a consultar (Tel.: 3621-2005)
Sala: o cinema é localizado no centro de Guarapuava, na Rua Getúlio Vargas, 1716.


“Se beber, não case! – Parte 2” estreia no Cine XV

(Foto: www.adorocinema.com.br)
O macaco tarado é uma das atrações dessa comédia bizarra


Sucesso de público nos cinemas brasileiros, a comédia Se beber, não case! - Parte 2 (2011) chega ao Cine XV nesta sexta-feira (12).

Continuação do sucesso de 2009, a segunda parte consegue superar o humor politicamente incorreto e escabroso do primeiro filme. Dirigido pelo mesmo diretor, Todd Phillips, faz parecerem histórias da carochinha as produções ao estilo American Pie.

Novamente, os personagens do primeiro filme acordam sem saber o que aconteceu na noite passada (que foi daquelas); só que agora em Bangcoc, na Tailândia. O passo seguinte é tentar descobrir o que eles fizeram.

Nessa trajetória, aparecem os mais variados tipos e situações: um macaco sagui que fuma cigarros e é tarado; um monge budista obrigado a participar de uma orgia; um noivo, chapado, que transa sem querer com um travesti; e muito mais.

Enfim, é uma comédia sem qualquer pudor ou limites.

SERVIÇO
Filme: Se beber, não case! - Parte 2 (2011)
Estreia: sexta-feira, 12 de agosto
Local: Cine XV
Horário: 21h30min
Valor: a consultar (Tel.: 3621-2005)
Sala: o cinema é localizado no centro de Guarapuava, na Rua Getúlio Vargas, 1716.



segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Homem-Aranha enfrenta o novo Abutre em aventura inédita

(Imagem: divulgação)
O velho e o novo Rino em confronto decisivo


Nos últimos meses, o personagem Homem-Aranha tem passado por um verdadeiro “inferno astral”. Rino, Mystério, Electro... antigos inimigos retornaram com tudo para atrapalhar a vida do aracnídeo. E, pra piorar, Peter Parker, sua identidade civil, está no maior sufoco no emprego e com os amigos.

Para quem acompanha a revista mensal Homem-Aranha (Ed. Panini Comics), nas bancas de jornal, esses fatos compõem uma nova série de histórias do super-herói. Além das atribulações financeiras e sentimentais, Parker e seu alter-ego estão enfrentando os perigos causados por novos e velhos inimigos. Movida pela vingança, a filha do caçador Kraven, outro velho conhecido, está agindo de maneira secreta na construção de um plano terrível.

Na mais recente edição de Homem-Aranha, número 115, o herói enfrenta as novas versões de Abutre e Rino. Na primeira história, dividida em duas partes, o vilão alado é solto da cadeia. Em seguida, ele vai em busca de vingança, tentando descobrir quem o transformou numa criatura horrenda. Nessa trajetória, persegue J.J. Jameson, prefeito da cidade e ex-editor do “Clarim Diário”, e combate o Homem-Aranha. Na vida civil, Peter Parker mal sabe do tremendo problema que o aguarda.

Na segunda história, o novo Rino retorna para pressionar Aleksei Sytsevich, o Rino original, a voltar a usar o uniforme de rinoceronte. Depois de um momento trágico, Aleksei retoma a carreira de criminoso. É uma história triste, de muitas perdas e danos.

Sintoma talvez de uma crise criativa, a revista do personagem da Marvel faz uso do velho truque de resgatar antigos personagens para renovar suas histórias. Bom para as gerações passadas, que se sentem em casa novamente; e também para a geração do presente, que tem oportunidade de conhecer vilões clássicos.

SERVIÇO:
HQ: “Homem-Aranha”, n. 115, 76 páginas
Autor: Vários
Preço: R$ 6,50
Onde adquirir: disponível em bancas de jornal

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Uma amizade entre livros

(Foto: guardachuvadelaura.blogspot.com)
Com a ajuda de Verissimo (dir.), Bertaso construiu a Editora Globo, em Porto Alegre


Mistura de crônica, relato autobiográfico e novela, o livro Um certo Henrique Bertaso (Ed. Companhia das Letras) relata a amizade entre o escritor Erico Verissimo e o editor Henrique Bertaso. Juntos, os dois ajudaram a formar uma das editoras mais conhecidas do Brasil em meados do século 20: Globo (sem relação com as organizações Globo da família Marinho).

Narrada em primeira pessoa pelo próprio Verissimo, pai de Luiz Fernando Verissimo, a obra foi lançada originalmente em 1972 e pertencia a uma fase mais memorialista do escritor gaúcho. Nessa época, ele encerraria sua carreira literária com o romance Incidente em Antares (1971) e o autobiográfico Solo de Clarineta (1973/76). Em seguida, viria a morrer em 1975.

Graças a extensão e popularidade de suas obras literárias, muita gente conhece apenas o lado escritor de Verissimo. Mas, antes desse sucesso, ele trabalhou como tradutor, revisor, editor e consultor literário da Globo, uma livraria que viria a se tornar importante editora na primeira metade do século 20. E isso na ainda provinciana cidade de Porto Alegre.

Relançado em 2011, em nova edição, Um certo Henrique Bertaso narra um pouco da história de surgimento dessa editora. Segundo Verissimo, o principal responsável pelo sucesso da Globo foi o cara que dá nome ao livro: Henrique Bertaso. Filho de um dos donos da Livraria do Globo, Bertaso somente entrou para o ramo livreiro por acaso. Preocupado com seu tempo livre, o pai dele o encaixou como vendedor da loja. Tinha então início um dos editores mais importantes do Brasil, que conseguiu, junto com Verissimo, traduzir clássicos da literatura e lançar novos autores (um deles foi o poeta Mário Quintana).

O prestígio da editora foi tão forte que Roberto Marinho não pôde usar o nome “Globo” para registrar sua própria casa editorial no Rio de Janeiro. A saída para Marinho foi usar a marca RGE (Rio Gráfica Editora) para lançar livros, revistas e gibis. Somente décadas depois, com a falência dos Bertaso, Marinho enfim registrou o tão sonhado nome.

Hoje, quando nos deparamos com revistas da “Editora Globo”, uma coisa é certa: não é mais a mesma que fez história com Henrique Bertaso e Erico Verissimo.

SERVIÇO:
Livro: Um certo Henrique Bertaso (2011), 106 páginas
Autor: Erico Verissimo
Preço: R$ 35,00
Onde adquirir: Livraria do Chain, sob encomenda. Tel. 3035-6806


TRECHO SELECIONADO DA OBRA:
Mil novecentos e vinte e dois foi, sob muitos aspectos, um ano portentoso. François Mauriac publicou Le Baiser au lépreux. James Joyce sacudiu o universo literário com o seu Ulysses. John Galsworthy deu à Inglaterra e ao mundo The Forsythe Saga. Sinclair Lewis produziu Babbitt, e Pirandello, Henrique IV.
(…)
Tudo isso e muito mais aconteceu durante o ano de 1922, porém um pequeno fato que a História com H maiúsculo não registrou, um incidente sem significação para o grande mundo mas de importância capital para a estória que vou contar nesta crônica, ocorreu na cidade de Porto Alegre. O menino Henrique d'Ávila Bertaso perdeu as suas férias de verão porque o pai, um dos sócios principais da Livraria do Globo, achou que o mais velho dos filhos varões, então com quinze anos, estava se transformando numa pequena peste doméstica, com tempo demais a pesar-lhe nas mãos e no crânio. Assim, à maneira dos velhos negociantes da tradição portuguesa (embora ele próprio fosse italiano, natural de Verona), resolveu fazer o rapaz trabalhar como “caixeiro” da sua livraria.
(p. 14)

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Não adianta rebobinar

(Foto: www.adorocinema.com.br)
Jack Black na imitação tosca de Robocop


O filme Rebobine, por favor (2008, dir. Michel Gondry) parte de uma premissa muito boa. Dois amigos perdem todo o estoque de filmes de uma velha locadora de vídeos (que ainda não chegou à era do DVD). Tudo porque um deles (vivido pelo ator Jack Black), após levar um belo choque elétrico, desmagnetizou as fitas, apagando seu conteúdo.

Para soluçar o problema, o outro amigo (o ator Mos Def), que trabalha na tal videolocadora, tem uma ideia “brilhante”: produzir versões caseiras dos filmes danificados. Ou seja, ao invés de produções hollywoodianas, gravações mambembes feitas pelos dois sujeitos. Já é possível imaginar a qualidade e criatividade dos novos produtos.

O primeiro a ser “recriado” é Os Caça-Fantasmas (1984), sucesso dos anos de 1980 com o diretor Ivan Reitman. Mas, nas mãos de Jerry Gerber e Mike, se torna uma versão que vai além (ou aquém) do conceito de trash.

Claro que os clientes da videolocadora percebem o engodo. No entanto, ao invés de ficaram revoltados, ficam deliciados com as novas versões. A partir disso, formam-se filas e listas de espera para a próxima versão suecada (nome dado ao remake caseiro).

Contando assim, parece um filme criativo e ousado. Mas, infelizmente, a história se perde no roteiro e na direção de Michel Gondry. Faltou um componente essencial para uma comédia desse estilo: o timing da piada. Como em outros filmes, Jack Black se perde muito em si mesmo, passando do limite nas improvisações e tiradas cômicas. Boas cenas e diálogos são desperdiçados por ele, que acaba contaminando o fraco Mos Def.

Se Gondry tivesse se inspirado em diretores como Reitman (alvo de uma das sátiras), John Landis (Os Irmãos Cara de Pau) ou John Hughes (Curtindo a vida adoidado), talvez tivéssemos um filme mais bem resolvido. Apesar de subestimadas pela crítica, as comédias dos anos 80 continuam insuperáveis.


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Cine Sesc exibe documentário sobre Cyro Matoso

(Foto: Rosano Mauro Jr.-curitibacultura.com.br)

O cineasta Cyro Matoso é tema de documentário


Dentro da programação cultural do Sesc PR, o projeto Cine Sesc exibe o documentário Cinematoso (2011) nesta segunda-feira (1), no campus Santa Cruz da Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste), em Guarapuava (PR).

Dirigido por Bruno de Oliveira, o documentário conta a vida e a obra de Cyro Matoso, um cineasta que usa a cidade de Paranaguá como pano de fundo para rodar seus filmes, que são feitos de maneira artesanal desde 1975. Usando recursos como o Super-8 e o VHS, ele fez mais de dez produções (curtas, médias e longa-metragens) ao longo desse tempo. E tudo de maneira simples e acessível: arames e papel machê como cenário; barbantes nos efeitos especiais; e amigos como atores.

Atualmente com mais de 75 anos de idade e 34 de cinema, Matoso continua na ativa. Em 2009, lançou o média-metragem O tesouro maldito dos piratas. Conta a história de um grupo de jovens que perde o emprego devido à crise que assola o sistema portuário. Sem perspectivas, eles resolvem sair em busca de um tesouro, que, segundo a lenda, está enterrado na Ilha da Cotinga até os dias atuais.

PRÊMIO
O documentário Cinematoso conquistou o prêmio de melhor longa-metragem no Festival Cinema na Floresta, da cidade de Alta Floresta (MT), e foi exibido em festivais na Bolívia e Chile.

SERVIÇO
Filme: Cinematoso (2011), 80 min
Direção: Bruno de Oliveira
Local: Cine Unicentro (R. Salvador Padre Rena, 875, Santa Cruz, Guarapuava)
Horário: 19h30min
Valor: entrada franca