quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Não adianta rebobinar

(Foto: www.adorocinema.com.br)
Jack Black na imitação tosca de Robocop


O filme Rebobine, por favor (2008, dir. Michel Gondry) parte de uma premissa muito boa. Dois amigos perdem todo o estoque de filmes de uma velha locadora de vídeos (que ainda não chegou à era do DVD). Tudo porque um deles (vivido pelo ator Jack Black), após levar um belo choque elétrico, desmagnetizou as fitas, apagando seu conteúdo.

Para soluçar o problema, o outro amigo (o ator Mos Def), que trabalha na tal videolocadora, tem uma ideia “brilhante”: produzir versões caseiras dos filmes danificados. Ou seja, ao invés de produções hollywoodianas, gravações mambembes feitas pelos dois sujeitos. Já é possível imaginar a qualidade e criatividade dos novos produtos.

O primeiro a ser “recriado” é Os Caça-Fantasmas (1984), sucesso dos anos de 1980 com o diretor Ivan Reitman. Mas, nas mãos de Jerry Gerber e Mike, se torna uma versão que vai além (ou aquém) do conceito de trash.

Claro que os clientes da videolocadora percebem o engodo. No entanto, ao invés de ficaram revoltados, ficam deliciados com as novas versões. A partir disso, formam-se filas e listas de espera para a próxima versão suecada (nome dado ao remake caseiro).

Contando assim, parece um filme criativo e ousado. Mas, infelizmente, a história se perde no roteiro e na direção de Michel Gondry. Faltou um componente essencial para uma comédia desse estilo: o timing da piada. Como em outros filmes, Jack Black se perde muito em si mesmo, passando do limite nas improvisações e tiradas cômicas. Boas cenas e diálogos são desperdiçados por ele, que acaba contaminando o fraco Mos Def.

Se Gondry tivesse se inspirado em diretores como Reitman (alvo de uma das sátiras), John Landis (Os Irmãos Cara de Pau) ou John Hughes (Curtindo a vida adoidado), talvez tivéssemos um filme mais bem resolvido. Apesar de subestimadas pela crítica, as comédias dos anos 80 continuam insuperáveis.


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